sexta-feira, 30 de maio de 2014

Beertone, o guia cervejeiro dividido por cores

A pouco tempo atrás mostramos aqui no blog o lançamento do Beertone em Curitiba e agora viemos até vocês explicar o que é exatamente e como surgiu essa ideia inovadora de catalogar as cervejas por meio das cores.

Camaleão simpático do Beertone e cartão do Loucos por Ales

Já de cara, com o Beertone em nossas mãos, podemos perceber que ele não se trata de um guia cervejeiro convencional, não só pelo formato como também por todo o seu conteúdo interno. Ele é prático e compacto, aliás dentre os livros que eu tenho é o que menos ocupa espaço e o que não tive coragem de deixar na prateleira.

Versão especial para o Loucos por Ales


O guia apresenta informações  como as características de cada cerveja, a classificação por cor nos sistemas RGB e CMYK, seus respectivos valores de amargor (IBU),  temperatura ideal de consumo, a cervejaria e onde ela está localizada e as opções de harmonização.

A ideia inicial surgiu quando o idealizador do projeto, Alexander Michelbach, fez uma busca sem sucesso por um guia de cervejas que fosse ao mesmo tempo útil, em termos de informação, e tivesse um formato de classificação das cervejas de uma maneira diferente do convencional e que fosse de fácil visualização e associação. Foi aí que o designer teve a idéia de classificá-las pela cor, assim surgiu o conceito do Beertone.




O catálogo possui a versão suíça e a agora a brasileira. São no total 202 cervejas de mais de 40 cervejarias diferentes que foram analisadas de acordo com o estilo, teor alcoólico e, não podendo esquecer, das suas tonalidades. A determinação das cores não veio assim simplesmente do nada. O designer e sua equipe pegaram cada cerveja e através de um espectrofotômetro mediram a intensidade de absorvência de cada uma e após várias analises e comparações foram definidas suas cores.

Versão com as cervejarias suíças.

Se observarmos bem, e para quem conhece um pouco sobre design, olha para o Beertone e vai lembrar muito do catálogo Pantone, aqueles que não estão familiarizados com o termo podemos dizer que ele se parece como um daqueles catálogos que vemos quando vamos comprar tinta.
Para quem quiser ver um pouco mais sobre o projeto pode entrar no site do Beertone ou ver a página deles aqui no Behance

Bom...não preciso nem dizer que eu estou amando o meu, mesmo não tendo um super conhecimento técnico sobre o assunto consigo entender e até fazer algumas analises e associações entre uma cerveja e outra, fora todo o apelo visual que Beertone tem, mesmo quem não é designer é difícil não se encantar.

O Loucos por Ales deixa aqui um parabéns para toda a equipe que desenvolveu esse projeto inovador e, em especial, para o Alexander com quem tivemos contato e que nos deu a oportunidade dessa parceria, de desenvolver a edição especial para o blog. Desejamos a vocês muito sucesso. Cheers!!


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cerveja: benefícios para beleza e para saúde

Originalmente postado no site The Telegraph e traduzido mais do que livremente pelo Loucos por Ales (sempre com aquele carinho especial)!

Dizem os antigos que jogar cerveja sobre a cabeça todos os dias deixa seus cabelos volumosos, sedosos e brilhantes. Aparentemente, isso tem a ver com as proteínas e vitamina B naturalmente encontrados na bebida.

A bela Catherine Zeta Jones jurou que utiliza desse truque por anos, mas admite que seus cabelos ficam cheirando como uma cervejaria. Agora, todavia, uma empresa americana lançou uma linha de produtos para cuidados do cabelo a base de cerveja e que promete não deixar vestígios de odores cervejeiros.

A Bröö oferece três conjuntos de xampu e condicionador que usam cerveja como principal ingrediente. E eles não estão brincando, se baseiam em estilos bem específicos: Pale ale para volume, IPA para maciez e Porter para a hidratação.

Então, alegre-se por que os dias de massagear os cabelos com um pint de Greene King se foram, agora a Bröö oferece produtos com essências herbais para um penteado perfeito.
Mas, quais os outros benefícios para saúde e beleza podemos obter dessa tão querida bebida?

1. Para uma pele mais saudável
Beer spas já vem fazendo sucesso em países como Áustria, Alemanha e República Tcheca, em que os hóspedes são convidados a tomar um banho de lager escura. “Cerveja faz muito bem para a pele em razão das vitaminas das leveduras”, conta o proprietário de um desses spas ao The New York Times.

Beer Spa localizado no Landhotel Moorhof em Franking, Áustria 
Esses spas também oferecem tratamentos faciais a base de cerveja, feitos com lúpulo, malte, mel e cream cheese.



2. Relaxa os pés
Se você não pode pagar por um banho completo de imersão em cerveja, descansar seus pés em uma bacia cheia da bebida é um bom jeito de relaxar os seus pés. Vantagens: gelado e carbonatado. Desvantagens: potencialmente grudentos.


3. Reduz o risco de pedras nos rins
Segundo um estudo publicado pelo The Johns Hopkins University School of Hygiene and Public Health, uma garrafa de cerveja por dia reduz em até 40% o risco de pedras nos rins. Pesquisas sugerem que o lúpulo presente na cerveja fortalece a fixação do cálcio nos ossos, prevenindo que evoluam para pedras nos rins.

4. Massageie a si mesmo
Massoterapeutas recomendam rolar sob os pés uma lata de cerveja (convenhamos que isso não é bem um benefício da cerveja), ou coloca-la entre as omoplatas e encostado em uma parede fazer rolar a lata de ponta a ponta das costas. Segundo um desse profissionais, “a pressão solta os músculos e ajuda na circulação sanguínea da região”. Abstêmios podem tentar a mesma coisa com uma lata de Fanta (boa!).


5. Melhora sua vista
Uma lager ou uma stout por dia (não entendi bem a escolha dos estilos, mas enfim – nota: stout é uma lager) pode conter a evolução da catarata de acordo com pesquisa de cientistas Canadenses (provavelmente os mesmos que recomendam o uso da maconha para tratamento do glaucoma). Isso ocorreria em razão dos antioxidantes presentes na cerveja.

6. Melhora sua confiança
E finalmente, mesmo bebendo cerveja não alcoólica pode-se aumentar a confiança. Em um estudo do The British Psychological Society, alguns participantes beberam cervejas normais, outros não alcoólicas, enquanto outros desafortunados ficaram sem beber nada. Aqueles que disseram estar sob o efeito do álcool se consideraram mais engraçados, espertos e mais bonitos durante a conversa deles – independentemente se beberam a versão alcoólica ou não.

Aquele abraço com cheiro de cerveja, porque já estou utilizando todos os produtos recomendados.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Cervejaria Pfau - Uma simpática e agradável descoberta.

Nota (01/2015) : A Pfau agora se chama Haus Bier Curitiba, clique aqui para mais informações.


Nossa jornada cervejeira em Curitiba nos rendeu uma gratificante surpresa no último sábado: A Cervejaria Pfau. Há algum tempo notamos a presença dos tanques reluzentes de uma cervejaria em plena rua México, mas somente no último sábado pudemos conferir de perto do que se trata.



Cervejaria Pfau
























A cervejaria conta com estacionamento para os clientes com manobrista, que custa R$10. No interior, mesas para cerca de 40 pessoas e um balcão convidativo.  

A cervejaria está iniciando sua produção e os tanques, que tanto chamaram nossa atenção, ainda não estão operando em capacidade total. Um painel atrás do balcão indica quais as cervejas disponíveis e aquelas que estão fermentando nos tanques ali ao lado.

Quadro de cervejas


O quadro indica que em 12 dias estará disponível a ESB (Extra Special Bitter) e em 14 dias a Blond da Casa. Note-se que os preços são justos e que são servidas cervejas de outras cervejarias a preços atrativos. São apenas 6 torneiras, o que a princípio é pouco, mas garante que as opções disponíveis estejam sempre frescas. Seria interessante se houvesse cervejas engarrafadas para compor melhor as opções, já que são apenas 6 torneiras para chopes.

Hambúrgueres de Urso



O cardápio ainda está em fase de construção mas a seleção de pratos é interessante e com preços razoáveis. Nós provamos e aprovamos uma porção de mini hambúrgueres de urso (carne moída de primeira com linguiça Blumenau) e batatas fritas. A casa possui alguns molhos que muito nos agradaram e, o molho desses sanduíches, em especial. A carne também é digna de elogios, saborosa e servida no ponto ideal. Um detalhe à parte é o pão: feito por uma panificadora da região utilizando-se o malte aproveitado da própria fabricação da cerveja.







Além da qualidade da comida, do chope gelado e da simpatia do pessoal (que, diga-se de passagem, entende bastante de cerveja), ainda fomos convidados a uma volta para conhecer a estrutura da cervejaria com um dos responsáveis pela produção, o cervejeiro Guilherme, que foi muito atencioso e nos explicou um pouco sobre cada um dos equipamentos e da etapas da produção de suas cervejas.

 


Conhecemos os tanques, o estoque de malte e até o livro em que ficam registradas todas as etapas de fabricação.

Agora só falta conhecermos as cervejas produzidas pela própria Pfau. E devemos dizer, não será nenhum sacrifício voltar para tal empreitada.

Para quem ficou curioso, a cervejaria Pfau fica na Rua México, 291 e abre de terça a sábado das 17:00 às 23:30.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cerveja no frio? 5 cervejas para aquecer seu coração.

É, pessoal, o frio está chegando e com ele sempre surgem comentários "cerveja no frio?". Sim, está chegando a hora de tomarmos as nossas deliciosas Ales com toda propriedade.



Quem está acostumado apenas com cervejas mais leves, que normalmente são servidas em baixas temperaturas e são muito refrescantes, pode estranhar a idéia de cervejas que combinem com o inverno e com comidas mais pesadas.

Outra discussão muito comum quando se trata de inverno e cerveja é a temperatura de serviço. Quando começamos a falar de temperatura de serviço alguém sempre pergunta: "É verdade que na Europa o pessoal toma cerveja em temperatura ambiente?"

A resposta é: Sim, e não. Nos pubs ingleses muitas ales são servidas sem refrigeração, retiradas dos barris que estão no subsolo do bar. Portanto, no inverno, a temperatura da cerveja normalmente é de 2 a 8 graus, que é a temperatura ideal de serviço para este tipo de cerveja e mesmo com temperaturas um pouco mais altas, a cerveja não se torna quente no subsolo dos pubs. Trata-se de uma coincidência em que a temperatura de armazenamento da cerveja sem refrigeração é igual ou muito próxima da temperatura de serviço ideal da cerveja. Aqui no Brasil, pubs ou bares que vendem chopp devem manter seus barris sempre refrigerados.

 Para cada estilo há uma temperatura ideal e cervejas mais potentes geralmente tem temperatura de serviço entre 4 e 10 graus. Em suma, cerveja tem temperatura certa para ser apreciada, não tome cerveja em temperatura ambiente a menos que esteja em um ambiente bem frio.


A grande variedade de estilos, sabores e graduações alcoólicas permite diversos tipos de harmonização e hoje, com ajuda do Beertone, vamos mostrar a vocês:


1 - Eisenbahn Frosty Bison

Imagem: Allbeers.
Frosty Bison é a nova cerveja da Eisenbahn, uma American IPA que foi a inspiração deste post. Esta cerveja foi concebida através de um concurso realizado pela Eisenbahn durante o ano passado; a melhor receita seria produzida pela mítica cervejaria de Blumenau. Forsty Bison, do inglês, significa bisão congelado; e esta cerveja levanta até defunto congelado, pode acreditar! Ela possui um corpo muito elevado, pesada nos maltes e bem temperada com lúpulos aromáticos cítricos e florais, como não poderia deixar de ser em uma American IPA. Excelente equilíbrio entre leve dulçor e amargor residual. Não deixe de provar esta excelente cerveja.

Harmonização: Frutos do mar, carnes de caça, pratos picantes e queijos condimentados.


2 - Dum Grand Cru
Imagem: Dum

Esta cerveja também tem a cara do inverno: elevado teor alcóolico, marcante presença de malte, laranja e coentro numa combinação explosiva; uma Double Wit Bier. Aprecie com moderação pois esta cerveja pode te derrubar.
"A ideia da Grand Cru surgiu desenvolvendo uma cerveja belga de trigo, com mais corpo e álcool que uma wit, quase uma weisenbock belga. Usando o fermento clássico das belgas de trigo, fermentamos seus quase 9% de álcool, tendo como base a receita da nossa wit caseira. Logo o estilo só podia ser um, Double Wit. O coentro está escondido atrás dos aromas das cascas de laranja baia, que estão presentes em grande quantidade nessa cerveja " - Dum Cervejaria

Harmonização: Queijos condimentados, pratos condimentados, batatas rústicas, salmão e salsichas.


3 - Baden Baden Red Ale

Imagem: screamyell.com.br
Baden Baden Red Ale é classificada como sendo uma barley wine, ou double red, como descrita no rótulo. Esta cerveja tem um creme farto e persistente, um corpo muito presente e sabor marcante de maltes adocicados. Uma cerveja forte e marcante, sem amargor excessivo, por este motivo, esta é uma boa cerveja para aqueles que ainda não estão acostumados com grandes cargas de lúpulo.

Harmonização: Carnes grelhadas, sobremesas e chocolate.





4 - Morada Kolsch
Imagem: Clube do Malte

 Este é um tiro certeiro para harmonizar no inverno com pratos um pouco mais leves. Ela possui menos corpo que as cervejas citadas acima e representa uma opção menos marcante que pode servir como coadjuvante em vários tipos de harmonização. O estilo Kölsch tem origem na região de Colônia, na Alemanha, e combina maltes de trigo e cevada em uma cerveja clara de alta fermentação com aromas florais leves e sabor delicado.

Harmonização: Peixes, Aves, Saladas, pratos agridoces e apimentados.




5 - Colorado Ithaca
Imagem: Colorado

Agora, se você está se sentindo na Rússia e quer ir ao extremo, indicamos uma Russian Imperial Stout, estilo derivado da Stout, mas que normalmente possui graduação alcoólica superior a 10%. Ao lado da Petroleum , a Ithaca é uma das representantes nacionais com mais personalidade neste estilo único. Esta receita leva rapadura e evolui muito bem na garrafa, podendo servir como cerveja de guarda. A temperatura de serviço deste estilo é mais alta, cerca de 12 a 16ºC é a recomendação do fabricante.

Harmonização: Queijos, sobremesas, carnes defumadas, chocolate.



Além destas, muitas cervejas combinam bem com o inverno. Assim como sugerido pelo leitor Diocleciano Gonçalves de Oliveira:

"Sopa de gorgonzola com cogumelos vai bem pra mais de metro!
Ainda mais se regar com um fio de azeite trufado e laminas de cogumelo paris cru por cima... 
Vai bem com aquela stout de chocolate da rogue!"



Vamos testar essa e outras harmonizações, qual a sua preferida para amenizar o friozinho?

sábado, 10 de maio de 2014

A solução desse país eu vou dar: A polêmica da exclusão das microcervejarias do Simples Nacional

O assunto do momento no mundo das cervejas especiais não é exatamente sobre cerveja, mas de suma importância para todos que trabalham no ramo e para aqueles que apreciam o bom néctar. Por que da exclusão das microcervejarias do Simples Nacional? Vou dar um pitaco sobre o assunto e de quebra, sem cobrar nada, vou dar a solução jurídica para um dos principais argumentos para a exclusão das cervejas do benefício tributário. (Leia aqui sobre o histórico da discussão)

A primeira emenda ao Projeto de Lei 221/12 incluía vinhos e espumantes, licores e aguardentes de vinho e de cana e cervejas de microcervejarias no recolhimento simplificado de tributos, o Simples Nacional. No entanto, misteriosamente, suprimiu-se da redação as cervejas de microcervejarias.

O principal motivo alegado é de que, além dos representantes do setor não terem participado ativamente das discussões, o que eu duvido, é de que a proposta seria barrada porque não há uma definição técnica do que é microcervejaria.

Primeiramente, vale questionar, porque tal definição é necessária somente para cervejas, enquanto vinhos e aguardentes não necessitam de maiores detalhamentos?

Voltando um pouco, fala-se que o beneficio poderia estimular o consumo de bebidas alcoólicas. Quer dizer que produtores de vinhos e cachaças não estimulam o consumo excessivo de álcool? Seriam os bebedores de vinhos, cachaças e licores mais educados e moderados do que os fanfarrões das cervejas? Me parece que tal argumento não se sustenta. Os microcervejeiros hoje são os que mais prezam pelo consumo consciente com o lema "beba menos, beba melhor".

A exclusão das cervejas é evidente quebra do princípio da isonomia, pois não há motivação plausível para a diferenciação que se pretende dar com as demais bebidas incluídas na proposta do Simples.

Pois muito bem, afastado esse argumento, de forma breve, porque não me parece que mereça maiores discussões, retornemos à questão da ausência de definição técnica para microcervejarias.

Devo dizer que a solução é simples e a tive enquanto estava no banheiro fazendo o que boa parte dos políticos fazem nos plenários e outros palcos políticos (isso mesmo que você está pensando).

crédito da imagem: filosofia hoje


É realmente necessário atribuir tal definição de microcervejarias? Ah, não se pretende beneficiar as grandes corporações como Ambev, Schin e Petrópolis, que fizeram polpudas doações a vários partidos.

Pára tudo e vamos partir do começo. A Lei Complementar 123/06 "estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte". E o que são essas empresas?

Veja que lindo, e ainda reclamam dos nossos legisladores! A própria lei traz essa definição:

"Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:

I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e

II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais)."

Ok, alguns já devem ter entendido aonde pretendo chegar. Mas para fins didáticos, vamos ao artigo debatido. Segue a atual redação do art. 17, X, b, 1:

"Art. 17.  Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte:
...
X - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de:
...
 b) bebidas a seguir descritas:
...
1 - alcoólicas;" (aqui, a proposta é de que se acrescente o seguinte: 'exceto vinhos e espumantes, licores e aguardentes de vinho e de cana e cervejas de microcervejarias')

Assim, se excluiria da vedação de recolher pelo Simples os produtores de vinhos, cachaças e cervejas, trazendo um pequeno desafogo para esses setores.

Agora vai a solução, preparados? Por que não mudar a proposta para "vinhos e espumantes, licores e aguardentes de vinho e de cana e cervejas", sem o termo microcervejarias, pois é desnecessário. Isso porque a lei visa incentivar pequenas e microempresas o que se limita àquelas que aufiram receita bruta de até 3 milhões e 600 mil. Logo, ficam de fora Ambev e cia.

Qualquer pequena empresa que produza ou comercialize cervejas deve ser incluída no Simples, simples assim.

Não é necessária definição técnica ou jurídica para microcervejarias, basta ser um empresa de pequeno porte ou microempresa produtora ou comercializadora de cervejas.

Aplausos!



quinta-feira, 1 de maio de 2014

A história das “cervejas” leves (light lager) – Parte 3



Na segunda parte da sequência de textos sobre a estandardização das cervejas chegamos ao período da Lei Seca nos EUA, pela qual foi proibida qualquer atividade relacionada às bebidas alcoólicas em todo o território.

Como era de se esperar, após quase duas décadas de drástica limitação ao acesso a bebidas alcoólicas a população em geral criou certa sensibilidade a bebidas mais fortes, passando a ter maior afinidade com soft drinks e bebidas de baixo teor alcoólico.





Somando-se a isso e ao declínio das pequenas cervejarias que prezavam pela qualidade, destaca-se o crescimento das grandes corporações que passaram a utilizar adjuntos como milho e arroz ao malte das cervejas para o barateamento de custos. Tal situação se agravou com a intercorrência das duas grandes guerras que limitaram ainda mais a produção de grãos, além de criar um sentimento xenofóbico dos típicos bebedores estado unidenses, o que existe em grande medida até os dias de hoje. Fala-se aqui daquele conhecido senso de patriotismo que em geral acoberta, na verdade, um preconceito contra tudo que não faz parte do american way of life. Imagine como tais sentimentos se materializavam em relação à cultura germânica de produzir cervejas!




Como dito, as grandes guerras limitaram a utilização de grãos nas cervejas, mas para piorar as grandes fábricas afinaram o discurso, até hoje utilizado, inclusive no Brasil, de que a adição de adjuntos como milho e arroz servem para conferir leveza à bebida de forma a se adequar com o novo gosto da população por bebidas mais fracas e refrescantes. Mas uma réplica de cerveja não é completa sem espuma. E para garantir uma espuma mais estável as cervejarias passaram a utilizar sais de cobalto. O único problema é que a ingestão em maiores quantidades dessas cervejas causavam náuseas, vômito e efeitos cardíacos. Lindo não?

Pra finalizar, as cervejarias para aumentar os lucros precisavam produzir mais, todavia a fermentação leva algum tempo mínimo. Mais uma vez a indústria achou uma solução, desenvolvendo um processo de fermentação contínua, em especial na cervejaria Schilitz. Mas o gosto não era bom, pode apostar.

No próximo texto veremos que as grandes cervejarias aperfeiçoaram a técnica de empurrar péssimas cervejas com maciços investimentos em marketing.

Até a próxima, e quando você passar mal por encher a cara, ponha a culpa nos sais de cobalto! 

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Referências:

MOSHER, Randy. Tasting beer. Storey, 2009;
BELTRAMELLI, Mauricio. Cervejas, brejas & birras. São Paulo: Leya, 2012
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