segunda-feira, 29 de julho de 2013

La bella Italia - Por Fernanda Zacarias

Neste post, recebemos com muita honra a contribuição internacional da Chef Fernanda Zacarias, do blog Alma Gulosa:
"Nosso querido padrinho Daniel me convidou para escrever um pouco sobre cervejas italianas.
Fiquei super honrada com o convite, mas confesso que por medo de escrever abobrinha, fui atrás de informações confiáveis para os leitores do "Loucos por Ales" e esse post demorou muito mais do que o esperado.
Inicialmente, resolvi contactar alguns birrificios italianos na região da Pianura Padana para marcar uma visita e aprender sobre os métodos italianos de produção de cerveja.
Por incrível que pareça, todos os birrificios contactados negaram uma visita! Alguns alegaram que não possuem “estrutura” para a recepção de visitantes, enquanto outros não esconderam que querem manter em segredo a sua receita.
Confesso que fiquei um pouco surpresa com a negativa das visitas, tendo em vista que geralmente os italianos são orgulhosíssimos de seus produtos e amam exibi-los para o mundo!
Sem sucesso, fui em busca de um entendedor do assunto e conheci um dos bons!
Peguei um trem para Bologna para conhecer Marco Degli Espositi e sua Birroteca La Tana del Luppolo.
Tana Del Luppolo
A Tana comporta mais ou menos 300 rótulos de cervejas europeias (em especial belgas e alemãs) e 6 variedades "alla spina”, que são aquelas servidas como chopp, direto do "barril".
No espaço também são oferecidos aperitivos e pratos simples para acompanhar a degustação.
Marco e sua esposa Camila trabalham juntos nesse espaço imperdível para quem gosta de cerveja. Típico italiano, ele se irrita “um pouco” quando um cliente pede uma Poretti, Moretti ou Nastro Azurro. Compreensível!

Tendo em vista sua paixão por cervejas artesanais de máxima qualidade, Marco trabalha com paixão para servir a melhor gelada aos clientes e, pelo que percebi, com o avançar das horas tornam-se todos amigos!
Se você é marinheiro de primeira viagem, ele te faz umas cinco perguntas antes de sugerir um dos rótulos. 
Questionei como andava a produção de cervejas artesanais na Itália e se, assim como no Brasil, ele sentia que as pessoas estão descobrindo que a cerveja pode ser uma companheira da boa mesa assim como o vinho.
Muito honesto, Marco disse que a produção na Itália ainda patina bastante. Existem bons produtos, mas competir com a qualidade e preço das belgas e alemãs ainda é muito difícil. 
Quanto à segunda pergunta, ele disse que o grande problema é que as pessoas acham que entendem de cerveja, mas no fundo ainda trata-se de uma bebida que está ligada à quantidade e preço baixo, motivo pelo qual tem gente que paga 30 Euros em uma garrafa somente pelo status sem saber sequer apreciar o que está bebendo.
Finalmente, pedi que ele sugerisse 3 rótulos italianos de degustação obrigatória.



Seleção de cervejas italianas
E a seleção foi realmente espetacular (da esquerda para a direita):
TIPOPILS – Birrificio Italiano  Seca, amarga, forte aroma de lúpulo. Segundo informações constantes no rótulo, em tradução livre: “Poderia parecer a mais normal de nossas cervejas, mas é ela que deixa mais a nossa marca, que se faz apaixonar. Sussurra histórias dos campos de cevada, jardins de lúpulo e entrega intacta a quinta essência de seus perfumes. Cerveja clara, 5.2% vol. alcool. Produzida com lúpulo selecionado dos melhores cultivadores da zona de Tettnang, Alemanha”.
LOM BIRRA CRUDA MARRON BUONO DI MARRADI – Birra Cajun – Cerveja escura produzida com malte de cevada e “Marron Buono” di Marradi, uma espécie de avelã cultivada na região de Firenze. Muuuuito aromática, é uma cerveja bem especial. Segundo informações do rótulo, em tradução livre:  “Marron Buono di Marradi está disponível durante todo o ano, salvo quando  toda o estoque é consumido. A LOM  é feita com “marron” congelado, que é secado e tostado manualmente. A cerveja possui notas que lembram morango e damasco, com retrogosto de tostado devido à leve tostadura da castanha à chama viva”.
32 NEBRA –  De coloração clara, é a cerveja TOP do Birrifico 32, um dos mais conhecidos e respeitados da Itália. Conforme informações do rótulo, em tradução livre: “É clara, compacta e persistente, delicada com fina perlage. Possui aroma de flores brancas, caramelo e toques sutis de especiarias. Sabor delicado. 8% vol. alcool (uhuuuu). Temperatura de serviço 8 a 10 °C”.
Adorei conhecer as 3, mas a TIPOPILS do Birrificio Italiano foi a minha preferida, porque eu gosto de cerveja sem frescura e com gosto de cerveja!!!
De qualquer maneira, se uma passada pela Itália está nos seus planos, não perca a oportunidade de experimentar essas belezinhas.
Como o meu negócio é “mangiare”, eu acho que cerveja combina sempre com comida tranquila, aquela bem boa que a gente reparte com os mais queridos...  (com exceção de Guiness com ostra.. já provaram? É perfeito!)
Sendo assim, sugiro acompanhar com a sua cerveja umas belas fatias de porchetta, mortadella, prosciutto cruddo, parmiggiano, focaccia bianca ou alla genovese... o momento também pede uma pizza al taglio e arrancino.
Procure acomodar-se em alguma escadaria medieval ou renascentista, de preferência de frente para alguma praça para iniciar os trabalhos.
A Itália é assim. Irritantemente apaixonante!"
Agradeço novamente à Fernanda pela contribuição, quem quiser viajar mais pela Itália e pela gastronomia pode visitar o blog Alma Gulosa.

Mais fotos:




quinta-feira, 25 de julho de 2013

Eisenbahn 11 anos

Hoje é certamente uma data importante para a revolução cervejeira que vem ocorrendo no Brasil. Trata-se do aniversário de 11 anos da Eisenbahn, com certeza uma das principais cervejarias da nova geração e das defensoras de nova ideologia de cervejas de qualidade inquestionável.

Muitos talvez se identifiquem com o que vou falar. A Eisenbahn foi pra mim uma espécie de primeiro passo, uma porta de entrada para o verdadeiro mundo das cervejas.

Ao começar a conhecer essa cervejaria de Blumenau/SC, começou também a crescer o interesse em desvendar esse novo e intrigante universo.

A cervejaria Eisenbahn, desde seu início, sempre teve uma proposta muita clara, trazer a boa tradição européia de se fazer cerveja, em especial a alemã, isso até por conta da intensa colonização dessa etnia na região. Para isso, adotou a Lei de Pureza da Cerveja (Reinheitsgebot).

No entanto, a fábrica não se limitou aos ingredientes tradicionalmente admitidos pela lei: água, malte (cevada e trigo), lúpulo e fermento. Com o tempo, passou a criar cervejas de outras origens, tal como belga, notadamente reconhecida por utilizar diversas especiarias e frutas em suas cervejas.

Desde sua criação, a Eisenbahn tomou a frente em muitos aspectos da nova tradição cervejeira nacional.

Em 2004 produziu a primeira cerveja orgânica do país (Eisenbahn Natural);
fonte: facebook.com/cervejaeisenbahn

Em 2005 lançou a Rauchibier, a primeira a utilizar maltes defumados, especialmente elaborada para harmonizar com charutos;

2006 foi lançada uma das mais queridas pelos consumidores, a Strong Golden Ale, uma Belgian Ale frutada e com sabor marcante, além da primeira cerveja com processo champenoise por esses lados tupiniquins, a 
Eisenbahn Lust. Essa, posteriormente, ganhou uma versão mais seca e, na minha opinião representou uma evolução da Lust, a deliciosa Prestige;

Em 2007, aproximou-se do consumidor lançando o 1º Concurso Mestre Cervejeiro, em que os participantes enviam suas receitas e a escolhida é produzida, de forma limita, pela fábrica.

Apesar de passar pela administração de duas grandes corporações a fábrica manteve-se fiel à sua tradição e continua a ser respeitada e premiada no universo cervejeiro. Inclusive, acredito que seja a cervejaria com o maior número de premiações no Brasil.

Por tudo isso, e muito mais, é que o Loucos por Ales saúda a Eisenbahn em seu 11º aniversário e afirma, sem medo de errar, que é uma das cervejarias mais importantes na nova era que se inicia. “Eisenbahn – A
autêntica cerveja”


Parabéns a todos que fizeram e fazem parte dessa história! Longa vida à Eisenbahn!


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Harmonizações pela cidade - A Varanda Bar

Em um dia de típica inspiração curitibana, provocada pelo friozinho persistente, visitamos o bar A Varanda para mais Harmonizações pela Cidade.

O inverno sempre pede pratos mais quentes, suculentos e cervejas mais fortes, encorpadas. A pedida da vez foi Escondidinho Americana acompanhado de duas cervejas locais: Pagan IPA e Bodebrown Tripel Monfort.

Escondidinho no pão
O escondidinho no pão é um prato convidativo e nutritivo, que leva queijo mussarela, ovo cozido, bacon, presunto, cebola e batata palha. Como regra básica de harmonização comparam-se as cervejas Ale (de alta fermentação) aos vinhos tintos, enquanto as cervejas Lager entrariam como equivalentes aos vinhos brancos. Qual o motivo disso? As cervejas Ale possuem sabor mais marcante e complexo, indicadas a acompanhar pratos mais fortes e temperados, enquanto as cervejas Lager, mais refrescantes, são adequadas ao acompanhamento de pratos mais leves.


Bodebrown Tripel Hop Monfort - Fonte: untappd.com
As duas cervejas degustadas nesta noite possuem sabores distintos e realçam características específicas do prato. 
A Pagan IPA é uma cerveja forte, de coloração acobreada e aromas frutados, de forte sabor amargo e cítrico, com final seco. Há presença de maltes que remetem a caramelo e mel, mas o lúpulo finaliza o sabor e torna o final da cerveja muito seco,
A Bodebrown Tripel Monfort é uma cerveja mais clara, de coloração dourada e sabor bem mais suave, adocicado e equilibrado, com forte presença de especiarias e sabores de frutas como laranja e abacaxi, mas não se deixe enganar, o lúpulo também cumpre seu papel e acompanha os sabores adocicados e cítricos com seu leve amargor até o cessar de cada gole.
Com duas Ales em punho, vamos ao prato. O escondidinho possui muitos sabores fortes e marcantes, que tornariam uma cerveja lager nada além de coadjuvante. Com bastante recheio e bem temperado, o prato fica devendo apenas em crocância e aparência, que poderia melhorar se o mesmo ganhasse cobertura de queijo parmesão e alguns minutos ao forno.

O resultado desta harmonização é uma viagem sensorial, na qual diferentes sensações serão evidenciadas ou atenuadas pela bebida que acompanha o prato; com a Tripel os sabores do prato são evidenciados e prolongados, enquanto as especiarias da cerveja acrescentam paladares aos ingredientes do recheio, dando a impressão de temperar o prato com sabores mais requintados. Já quando acompanhado da IPA, o paladar torna-se mais seco, menos persistente. Adicione pimenta ao prato e, com o favorecimento da pimenta provocado pelo lúpulo marcante da IPA, você terá um prato simples e marcante, com realce das características mais picantes e dos sabores mais acentuados do bacon, por exemplo.
Pagan IPA

Sugiro a todos que façam esta experiência com cervejas diferentes e pratos fortes, tenho certeza de que surpreenderão com a diferença nas nuances de sabores realçados nas cervejas e nos pratos. 

O escondidinho serve uma pessoa e custa menos de R$15, com mais R$15 você poderá desfrutar de um dos diversos chopps especiais e internacionais ofertados pela casa. O bar A Varanda fica na rua Colombo, 349, no Bairro Ahú.

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