terça-feira, 6 de novembro de 2018

Lunatic Brew - A cervejaria do Loucos Por Ales

Desde 2012 estudo cerveja e escrevo para o Loucos por Ales. Depois de seis anos, muita coisa se passou, foram muitos eventos, horas de dedicação à cerveja caseira, concursos e cursos. E, neste momento, é com satisfação que anuncio o lançamento da One Little Step, primeiro rótulo da cervejaria Lunatic Brew, deste que vos fala. O primeiro lote é limitadíssimo e os primeiros barris já estão disponíveis no Drakkar Beer and Food. Em breve nos melhores bares do Brasil!



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Fazendo Hidromel em casa

Se você gosta de bebidas, gostaria de fazer algo em casa mas não tem muito espaço e nem tempo, começar fazer hidromel pode ser uma excelente forma de iniciar a própria produção.





Hidromel Artesanal

Em busca da autossuficiência etílica.




Ao degustar uma bebida, seja ela um vinho, cerveja ou sidra, você fica imaginando como aquela maravilha pode existir? Como ela é feita, qual a origem do álcool, das bolhas? Neste post sobre fermentação de bebidas em casa vamos descobrir a resposta para estas e outras perguntas, além de aprendermos a fermentar nossa própria bebida em casa. Apertem os cintos e aproveitem esta viagem.
O álcool etílico, presente nas bebidas alcoólicas, em quase todos os casos, é fruto da ação de leveduras que convertem, basicamente, açúcar em álcool e CO2. O que varia nos processos de fabricação de diferentes tipos de bebidas é a origem deste açúcar e o processo de fabricação. As bolhas, por sua vez, são um subproduto desta fermentação, e fazem parte do processo. Nas bebidas fermentadas, o processo é de fermentação simples, ou seja, a conversão do açúcar em álcool pela levedura, pura e simplesmente. Nas bebidas destiladas, primeiro ocorre o processo de fermentação, e em seguida, a bebida passa por um processo de destilação, que retira o álcool da bebida previamente fermentada.
Falando especificamente de fermentados, o processo para fabricação de bebidas é muito semelhante. O que muda é a fonte de açúcar, a saber:  malte para cerveja; uvas para vinho; maçãs para sidra e mel para hidromel, sendo este o mais simples em razão da facilidade de obtenção do mosto.
O hidromel é a bebida mais simples de ser produzida em casa, pois basta misturar mel e água e, teoricamente, você terá hidromel. Por este motivo, supõe-se que esta é a bebida alcoólica mais antiga da história.

Materiais necessários:


- Galão de água mineral (5 litros ou mais);
- 1 kg de mel;
- 1 Bexiga;
- 1 Pacote de Levedura Lalvin 71B-1122 ou Pasteur Champagne
- Álcool 70% (Para Sanitização)
- Termômetro (Para medir de 0ºC a 42ºC)


Como funciona o processo?


Fazer hidromel é fermentar os açúcares do mel. Portanto, o primeiro passo é diluir mel em água para formar o líquido fermentável (mosto). O mel é uma substância com elevado teor de açúcar, dos quais, cerca de 85% são fermentáveis, e esta é a razão do hidromel ser uma bebida seca, pois quase todo o açúcar será convertido durante o processo de fermentação. Em razão da forma que o mel é produzido pelas abelhas, este já contém leveduras selvagens em sua composição. Estas leveduras só não fermentam o mel espontaneamente pois não há umidade suficiente para isso no meio. Ao hidratar o mel, cria-se a condição ideal para que ele fermente. Entretanto, leveduras selvagens são imprevisíveis e podem gerar qualquer tipo de resultado. Por este motivo, utilizaremos uma cepa que foi isolada, multiplicada e preparada em laboratório especialmente para esta finalidade. Para vinhos, sidras, hidroméis e cervejas tipo ale, utilizam-se cepas de uma levedura chamada Saccharomyces Cerevisiae, que, não por coincidência, é a mesma levedura base para o fermento de pão.


A partir deste momento, vamos falar sobre como tratar leveduras para que elas não sofram estresse e possam gerar um bom resultado final.
A primeira e mais importante regra é limpeza e sanitização.  Como você não quer introduzir leveduras selvagens em seu hidromel, tudo o que for tocar a sua bebida precisa estar absolutamente limpo e sanitizado. Se você não cuidar da limpeza e sanitização, pode ter que jogar tudo fora. Entendeu?
Para sanitizar uma superfície ou um equipamento, será necessário mantê-lo em contato com álcool 70% durante 10 minutos. Você pode utilizar papel toalha ou um borrifador para auxiliá-lo no processo. Cuidado com restos de álcool na sanitização de garrafas para não influenciar no sabor.

Portanto, a partir de agora assumiremos que todos os seus materiais estarão sempre limpos e sanitizados.

Primeira Etapa – Diluição do mel



O mosto é a base daquilo que posteriormente irá fermentar, é o suco doce que oferecemos para as leveduras transformarem. Basicamente, quanto mais mel, mais álcool você terá no resultado final, e quanto mais álcool, mais longo será o processo de maturação até que a bebida fique agradável ao paladar. É muito comum utilizar frutas, especiarias, ervas ou outros elementos que possam agregar sabor a este mosto. Você pode experimentar, entretanto, nem tudo o que entrar no mosto irá sair do processo de fermentação exatamente como o imaginado. Tenha em mente que outros ingredientes podem ser adicionados na fermentação secundária (após a conversão do açúcar do mel).


Para diluir, além do mel, é necessário estar atento à água utilizada. Ela deverá ser oriunda de fonte segura (livre de contaminação) e sem cloro (o cloro pode ser removido por filtragem ou fervura).


Segunda Etapa – Inoculação da Levedura



Uma vez que o mel tenha sido diluído em água, o mosto estará pronto para o início da fermentação. Para utilizar uma levedura seca é necessário realizar o processo de reidratação:


A reidratação é um processo crítico, em que as leveduras terão que “acordar” do estado de dormência para então se multiplicarem e iniciarem a fermentação. Para preparar as leveduras para este processo, o fabricante fornece um meio adequado e nutrição para que as leveduras tenham boa taxa de viabilidade e iniciem rapidamente o processo de fermentação. Para hidratar o conteúdo de um sachê, você poderá utilizar um recipiente de cerca de 400 ml.


A reidratação deverá seguir exatamente as instruções do fabricante. O processo básico é adicionar o conteúdo do pacote de leveduras a um recipiente com cerca de 400ml de água a uma temperatura de 38ºC e agitar delicadamente até umedecer a levedura. Após cerca de 15 minutos de descanso, a levedura já deverá começar a formar bolhas na superfície. Neste ponto, a levedura estará pronta para ser inoculada. Contudo, saiba que leveduras sofrem stress com mudanças de temperatura. Será necessário resfriar a levedura hidratada até que a diferença de temperatura entre ela e o mosto não seja superior a 4ºC.
Transfira o mosto para a embalagem da água (galão plástico sanitizado) e agite vigorosamente por 5 minutos para incorporar oxigênio. Inocule a levedura já hidratada.


Terceira Etapa - Fermentação



O oxigênio, apesar de prejudicial para a bebida pronta, é essencial durante o início da fermentação, quando as leveduras estiverem se multiplicando. Durante o processo de fermentação a levedura irá converter os açúcares do mosto em álcool e gás carbônico. Para evitar que o gás carbônico liberado na fermentação exploda o fermentador, nós precisamos de uma maneira de permitir que o gás seja liberado sem que haja entrada de ar e contaminação externa. Para isso, o ideal é utilizar um válvula do tipo Airlock, que fica cheia de água e cumpre com esta função. Entretanto, caso não queira investir na airlock, você poderá utilizar uma bexiga no lugar da tampa do seu fermentador. Faça alguns furos na bexiga com um alfinete de forma que a pressão criada no interior do fermentador possa sair, sem, entretanto, permitir a entrada de ar e possível contaminação do mosto.
Mantenha seu fermentador em local fresco (18°C é o ideal) e abrigado da luz por 21 dias.


Fatores de stress para levedura:
Temperatura – Respeite a faixa de fermentação indicada pelo fabricante e evite variações de temperatura, especialmente durante a primeira semana de fermentação. Caso não tenha disponibilidade de um cômodo que possua temperatura constante e dentro da faixa desejada, é possível deixar o mosto dentro de uma caixa térmica e controlar a temperatura interna da caixa com o auxílio de garrafas de gelo. Basicamente, basta descobrir quantas garrafas de gelo são necessárias para atingir a temperatura ideal de fermentação e substituí-las a cada 12h, preferencialmente. Oscilações de temperatura são sempre prejudiciais para o resultado final. Dentro da faixa ideal de temperatura de fermentação, valores mais altos favorecerão características frutadas na bebida, porém também podem gerar alcoóis superiores, que são tóxicos e extremamente desagradáveis. Temperaturas mais baixas favorecem uma fermentação mais neutra, com menos aromas frutados e menor chance de ocorrência de álcool superior. Temperaturas baixas além da faixa ideal podem favorecer a produção de compostos sulfúricos, que terão aroma que remete a enxofre ou algo podre. Acompanhe sua fermentação para descobrir se tudo está indo bem. A produção de compostos sulfúricos pode ocorrer também em uma fermentação normal e estes serão eliminados ao fim da fermentação.
Oxigenação – O oxigênio é fator essencial para a fase aeróbica da fermentação, que ocorre logo no início, quando as leveduras estão se multiplicando. A incorporação de oxigẽnio pode ser realizada diariamente até que cerca de 50% da fermentação esteja completa (é seguro oxigenar o mosto até o terceiro ou quarto dia). Após este período, quando as leveduras entrarem na fase de fermentação anaeróbica, evite a todo custo que sua bebida entre em contato com oxigênio, para evitar oxidação.
Gás Carbônico – O gás carbônico, gerado pelas próprias leveduras durante o processo de fermentação, em elevadas concentrações também pode gerar stress nas leveduras. Por este motivo, indica-se a remoção de parte do gás carbônico da bebida antes da oxigenação. A maneira mais eficiente de desprender este composto do líquido é através de atrito. A simples agitação do recipiente irá liberar parte do gás carbônico, uma colher sanitizada também pode auxiliar neste processo.
Nutrição – Além de se alimentar de açúcar, as leveduras precisam de outros nutrientes para seguirem saudáveis. A má notícia é que o mosto do hidromel é pobre em grande parte destes nutrientes, sendo desejável a complementação da nutrição. Existem nutrientes comerciais, como o Fermaid K, disponíveis em lojas especializadas. Como uma parte dos nutrientes desejados está disponível na própria célula da levedura, você poderá fazer uma versão caseira de nutriente fervendo fermento de pão (biológico) por 5 ou 10 minutos e adicionando posteriormente ao seu mosto. Idealmente, a nutrição pode ocorrer cerca de 3 vezes durante a primeira fase da fermentação primária. Para o caso de hidromel, você poderá fazer uma adição de nutriente no início da fermentação e duas complementações, uma a cada dois dias.
Ao fim de 21 dias, sua fermentação já deverá estar bem estabilizada, e a levedura deve ter floculado e começado a se depositar no fundo do fermentador. Quando o açúcar fermentável do mosto acaba, dizemos que foi encerrada a fermentação primária. A partir daí, inicia-se a fermentação secundária, que é a etapa em que a levedura passa a atuar com outros tipos de transformação, eliminando subprodutos da fermentação primária e refinando o resultado final. Todavia, o excesso de células nesta etapa pode originar um processo prejudicial chamado de autólise, quando as leveduras passam a se alimentar das células mortas resultantes da fermentação primária.
Para evitar a ocorrência de autólise e facilitar o processo de clarificação, realizamos trásfegas, que são transferências do líquido para outro fermentador, com o objetivo de eliminar a camada excessiva de levedura que se deposita no fundo do fermentador.
Maturação
A maturação da bebida é o descanso que damos a ela para que seus sabores evoluam, se amaciem e se harmonizem. Dizem que o melhor ingrediente para o hidromel é a paciência. A maturação de bebidas como vinho, espumantes e hidroméis, idealmente ocorre a temperatura amena, de cerca de 14ºC.  Quanto maior a graduação alcoólica e a carga de outros tipos de ingredientes, mais tempo de maturação será necessário para que estes sabores se suavizem e entrem em harmonia. Diz-se que o período de maturação do Hidromel deve durar de seis meses a um ano, no mínimo. Para hidroméis leves e frescos, pode-se obter bom resultado com aproximadamente três meses.



Clarificação


Um dos principais aspectos do hidromel é sua aparência. Uma bebida bonita, sem presença de levedura em suspensão já é um bom indício de qualidade. Para clarificação, normalmente a realização de trásfegas e de tempo para a levedura decantar são suficientes. Baixas temperaturas (até 0ºC) podem contribuir muito na clarificação da sua bebida. A este processo de resfriamento dá-se o nome de Cold Crashing.
Caso a clarificação natural da bebida não esteja adequada ou seja necessário apressar o processo, a adição de gelatina sem sabor pode resolver seu problema. A gelatina deve ser diluída e preparada de acordo com a indicação do fabricante e, posteriormente, adicionada ao hidromel, numa proporção aproximada de 2g para cada 20 litros de bebida. Caso nada disso surta o efeito desejado, você pode buscar por outros agentes clarificantes, como bentonita, clara de ovo ou biofine.


Uma excelente fonte de consulta sobre hidroméis, receitas e outros assuntos ogros é o blog da Pompeia Hidroméis, do sommelier, juiz e professor Luis Felipe de Moraes. O endereço é: http://pompeiahidromeis.com.br

Se você fizer sua bebida em casa e gostar da brincadeira, você pode se associar à Acerva, Associação dos Cervejeiros Artesanais. Sempre tem muita gente bacana trocando conhecimento e experiências sobre o assunto, além, é claro, de beber ótimas cervejas, sidras e hidroméis. Este é o site da Acerva Paranaense: http://acervapr.com.br/
Caso tenha interesse em conhecer mais sobre o universo das bebidas especiais e artesanais, o BJCP – Beer Judge Certification Program – possui um excelente guia de estilos de cervejas, hidroméis e sidras,  que é ótima fonte de consulta.


Caso você tenha alguma dúvida em relação ao processo ou apenas queira me contar como foi sua experiência e trocar informações, estou disponível no e-mail daniel@loucosporales.com.br.



terça-feira, 18 de julho de 2017

Doe um agasalho e ganhe uma cerveja, que tal?

Pela primeira vez neste ano, a Acerva Paranaense fará uma ação social e conta com a sua participação! O evento ocorrerá nesta quarta, 19 de julho, a partir das 19h,  durante a Noite das Artesanais.
Nele, receberemos as doações de agasalhos e outras peças de roupas de inverno, de tamanhos adulto e/ou infantil e limpas, que serão doadas para o CRAS Boqueirão. O evento é aberto e todos poderão colaborar!
As 50 pessoas que doarem por primeiro ganharão uma garrafa de Wee Heavy exclusiva!
O Bar Tiwanaku, que irá receber o evento, estenderá os preços promocionais do happy hour até às 22h.




quarta-feira, 8 de junho de 2016

A maneira mais simples de fazer cerveja em casa (sem equipamentos).

Faça cerveja em casa



Se você, apreciador de cervejas artesanais, sempre teve vontade de fazer a sua própria cerveja mas não faz por que acha que precisa de uma montanha de equipamentos, saiba que existe alternativa. O objetivo deste texto é incentivar a produção artesanal de maneira simples, como um empurrão para o iniciante tirar o sonho de cervejeiro caseiro do papel.
A resposta à pergunta que não quer calar: posso fazer cerveja sem investir nada? Não. Mas é possível começar gastando quase nada, assim você sente o gostinho e decide se quer partir para uma produção mais dedicada ou se vai manter apenas como brincadeira de fim de semana. Vamos explicar da forma mais sucinta possível o processo, sem nos atermos aos detalhes e nomes técnicos de cada etapa com o objetivo de obter cerveja com o mínimo de equipamento possível. Queremos aqui difundir a informação de que o processo de fabricação artesanal de cervejas, apesar de trabalhoso, pode ser muito simples.

Qual será o resultado final? Vou ganhar uma medalha com a minha cerveja? Minha cerveja vai ficar boa? A maior falha desta forma de fazer cerveja está no processo fermentação, pois não há controle de temperatura, o que pode comprometer seriamente o resultado final, principalmente se houver muita variação na temperatura. Para evitar maiores problemas, o ideal é escolher um local da sua casa com temperatura ambiente amena (próxima de 18°C ) e com pouca variação nesta temperatura. Se você tiver um porão em casa, bingo, é lá que você vai fermentar a sua cerveja.
Como você não irá utilizar um densímetro, para acompanhar a densidade específica do seu mosto e o resultado final, você não saberá qual a graduação alcoólica exata da sua cerveja. A graduação alcoólica estimada desta receita é 5,5%, amargor aproximado de 44 IBUs e coloração 8 SRM.

Materiais necessários:


- Termômetro (para medir água até aproximadamente 70° C).
- 1 m² de tecido tipo Voil.
- Cooler ou caixa térmica que comporte duas vezes a medida da sua receita.
- Panela que comporte a medida da sua receita com folga (para evitar que transborde durante a fervura).

Como funciona o processo?

 Fazer cerveja é fermentar os açúcares do malte. Portanto, precisamos extrair os açúcares do malte para formar o líquido fermentável (mosto). O mosto será fervido por 60 minutos, adicionado de lúpulo e, ao fim, fermentado por leveduras. Após a fermentação, a cerveja precisa ser carbonatada antes do consumo. 

Insumos:


Como exemplo, utilizaremos uma receita simples de American Pale Ale, que leva:
 - 1 Kg de malte Pilsen (moído); 
 - 200g de malte Pale (moído);
 - 100g de malte Caramunich (moído);
 - 50g lúpulo Citra;
 - 1 pacote Levedura Fermentis Safale US05;
 - 10 litros de água mineral. (a embalagem será utilizada na fermentação);
 - 1 litro de álcool 70% (para sanitização);
 - 3kg de gelo (para resfriar o mosto).

Como você vai utilizar o malte moído e não tem um moedor em casa, solicite à loja de insumos que moa o malte para você. A maioria destas lojas entrega o malte moído e na quantidade certa sem cobrar a mais por isso.

A primeira e mais importante regra é limpeza e sanitização. Tudo o que for tocar a sua cerveja precisa estar absolutamente limpo. E tudo o que for tocar sua cerveja após a fervura precisa ser sanitizado. Se você não cuidar da limpeza e sanitização, pode ter que jogar tudo fora. Entendeu?
Para sanitizar uma superfície ou um equipamento, será necessário mantê-lo em contato com álcool 70% durante 10 minutos. Você pode utilizar papel toalha ou um borrifador para auxiliá-lo no processo. Cuidado com restos de álcool na sanitização de garrafas para não influenciar no sabor da cerveja.

Portanto, a partir de agora assumiremos que todos os seus materiais estarão limpos e/ou sanitizados:

Primeira Etapa - Mash


Coloque o voil dentro do seu cooler ou caixa térmica, de maneira a formar uma bolsa, prendendo nas bordas (você pode usar barbante, por exemplo) para que se possa adicionar água, os grãos e depois retirar tudo antes da fervura.

Cooler com Voil
Imagem: goldilockshomebrewing.com


 Aqueça 5 litros de água até 75°C  e adicione ao cooler. Adicione os grãos moídos, mexa bem e faça com que a temperatura chegue a 68ºC (adicionando pequenas quantidades de água quente ou fria). Esta temperatura deverá ser mantida durante 60 minutos. Você deverá adicionar mais 2 litros de água para manter a temperatura durante este período, chegando a 7 litros totais ao fim desta etapa.

Feche o saco e utilize-o para retirar os grãos do cooler; aguarde até que o líquido do saco escorra (você pode torcer o saco de grãos para acelerar o processo, mas não exagere).

Transfira o mosto do cooler para a sua panela, onde irá acontecer a fervura.

Segunda Etapa - Fervura


Ligue fogo forte e aguarde iniciar a fervura. Se a panela for larga o suficiente, ligue duas bocas do fogão. O mosto deverá ferver por 30 minutos.

Observações:
A fervura deverá ocorrer com a panela aberta (destampada);
Cuidado ao adicionar o lúpulo, a fervura pode subir quando você fizer isso.

Utilize um timer regressivo para contar o tempo de fervura, iniciando em 30 minutos quando o liquido começar a borbulhar intensamente.

Faltando 20 minutos para o fim da fervura, adicione cerca de 1/5 do lúpulo (10g).
Faltando 10 minutos para o fim da fervura, adicione 1/3 do lúpulo restante(13g).
Ao fim da fervura, adicione o restante do lúpulo e desligue o fogo.


Agora você deverá tentar manter a panela fechada sempre que possível (lembre-se que após a fervura o mosto fica suscetível a contaminação por leveduras e bactérias presentes no ar) e resfriar o mosto até a temperatura de 30°C (sanitize o termômetro para medir).
Quanto mais rápido o mosto for resfriado, melhor. Para resfriar mais rapidamente, você poderá utilizar um banho maria com água gelada. Você pode encher a pia da cozinha com gelo e água e colocar a panela, mexendo com uma colher sanitizada, até atingir a temperatura desejada.

Terceira Etapa - Fermentação


Transfira o mosto para a embalagem da água (galão plástico sanitizado), feche e aguarde o mosto resfriar até a temperatura ambiente (é possível acelerar o processo na geladeira ou freezer).
Agite o mosto por 5 minutos para incorporar oxigênio.
Adicione a levedura.

 Durante o processo de fermentação a levedura irá converter os açúcares do mosto em álcool e gás carbônico.  Para evitar que o gás carbônico liberado na fermentação exploda o fermentador, nós precisamos de uma maneira de permitir que o gás seja liberado sem que ocorra entrada de ar e contaminação externa. Para isso, o ideal é utilizar um válvula do tipo Airlock, que fica cheia de água e cumpre com esta função. Entretanto, caso não queira investir na airlock, você poderá utilizar uma bexiga no lugar da tampa do seu fermentador. Faça alguns furos na bexiga com um alfinete de forma que a pressão criada no interior do fermentador possa sair, sem, entretanto, permitir a entrada de ar e possível contaminação do mosto. 
Mantenha seu fermentador em local fresco (18°C é o ideal) e abrigado da luz por 15 dias. 

Ao fim dos 15 dias, sua fermentação já deverá estar bem estabilizada, a levedura deve ter floculado e se depositado no fundo do fermentador.

Caso seja possível deixar o seu fermentador na geladeira, na posição horizontal, por alguns dias (10 dias seria o ideal) antes de engarrafar, o frio irá ajudar a cerveja a maturar e a sedimentar a levedura.

Engarrafamento e Priming

Nossa cerveja está quase pronta, falta apenas o gás!

Com cuidado para não movimentar a levedura que está no fundo, transfira a cerveja para garrafas PET sanitizadas (As de refrigerante e água com gás são as mais resistentes). Evite ao máximo o contato da cerveja com o oxigênio. Tente realizar o processo sem fazer splash. É possível minimizar o contato com oxigênio utilizando um sifão e uma mangueira sanitizada conectada a ele, deixando que a cerveja seja encha a garrafa de baixo para cima, empurrando o oxigênio para fora.

Como o CO2 gerado durante a fermentação não pode ser retido na cerveja, forçamos para que ocorra um pouco mais de fermentação dentro da garrafa fechada para que a cerveja incorpore o gás. Para isso, adicionaremos açúcar para reativar a fermentação dentro da garrafa.
Adicione 6g de açúcar por litro de cerveja. Em caso de dúvida na quantidade de açúcar, você pode usar aqueles envelopes de açúcar que são usados em restaurantes e cafeterias. Alguns vem com exatos 6g.


Mantenha a garrafa de cerveja bem fechada, em temperatura ambiente (idealmente entre 14 e 18°C), abrigada de luz direta, e aguarde de 7 a 15 dias até que a cerveja esteja carbonatada. 
Resfrie por 12h ou mais e aprecie sua criação.

Caso você esteja inseguro sobre algum passo ou tenha alguma dúvida, entre em contato comigo pelo e-mail daniel@loucosporales.com.br e eu vou tentar esclarecer. Suas dúvidas ou sugestões serão usadas como base para atualização deste texto.

Se fizer sua cerveja em casa e gostar da brincadeira, você pode se associar à Acerva, Associação dos Cervejeiros Artesanais. Sempre tem muita gente bacana trocando conhecimento e experiências sobre o assunto, além, é claro, de beber ótimas cervejas. Este é o site da Acerva Paranaense: http://acervapr.com.br/

Nos conte dos seus resultados na caixa de comentários aqui em baixo, ficarei muito feliz em saber como ficou a sua cerveja.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O que esperar do Festival Brasileiro da Cerveja de 2016 - 8 Motivos pelos quais você não pode perder o evento.

Faltando quatorze dias para o início do festival brasileiro da cerveja deste ano, que ocorre de 09 a 12 de março no Parque Vila Germânica, em Blumenau, o Loucos Por Ales te adianta o que você irá encontrar por lá e por que não perder este evento, que é considerado a Meca cervejeira brasileira.

Contrariando a lógica da maior parte dos festivais, como nós já descrevemos aqui, o festival é muitíssimo bem organizado e é uma verdadeira oportunidade de conhecer muitas novas cervejas. Sendo uma das maiores datas do calendário cervejeiro brasileiro, o festival de Blumenau atrai muitos lançamentos de novas cervejas, preparadas pelas cervejarias especialmente para estréia no evento.


Quais as vantagens do festival?

1 - Variedade de rótulos - As cervejarias mais importantes e mais premiadas do Brasil estarão expondo lá. São centenas de rótulos frescos sendo servidos lado a lado em apenas um evento.

2 - Conheça o cervejeiro - A grande maioria dos cervejeiros vai pessoalmente ao evento. Portanto, apesar da correria, você pode, literalmente, tomar uma com o criador da obra de arte.

3 - Preços atrativos - O preço do ingresso (de R$12 a R$25) está entre os mais baixos praticados no ramo. Já o valor dos chopes, julgando pelos anos anteriores, é um pouco menor do que é praticado nos bares. Aparentemente o festival realmente serve como vitrine, para que as pessoas conheçam os rótulos e voltem a comprar os produtos.

4 - Doses menores - Em Blumenau você terá a oportunidade de comprar chopes em doses de 100ml, o que te permitirá provar de vários estilos e várias cervejarias diferentes sem perder a referência. Sugerimos, até, que dividam os rótulos mais potentes com um amigo para aproveitar ainda mais. Uma outra vantagem das doses menores é poder arriscar e provar cervejas que você ainda não teve coragem de provar, seja pelo elevado preço ou pela fama de cerveja ruim, nem que seja para confirmar que ela não te agrada. Em suma, quanto maior a variedade de rótulos que você provar, melhor.

 5 - Espaço adequado - A vila germânica, em Blumenau, é um espaço grande, com pavilhões cobertos, diversos restaurantes, palcos, pontos de água para lavagem de copos e estrutura adequada de banheiros, você não passará nenhum tipo de necessidade neste evento.

6 -  Expositores - Nem só de cerveja vive o homem. Muitos outros produtos relacionados ao universo cervejeiro estarão expostos e disponíveis para compra durante o festival. São copos, máquinas, insumos, camisetas e até equipamentos profissionais de cervejaria, tudo em um evento só. Além de cursos e palestras que ocorrem paralelamente ao festival.

7 - Lançamentos - Além de aproveitar as cervejas que estão sendo lançadas durante o evento, você poderá provar as cervejas que forem premiadas no concurso que acontece concomitantemente ao festival. Concorde ou não com o resultado do concurso, junte os seus amigos e discuta o assunto.

8 - Encontre o pessoal - Quem é admirador da cerveja de qualidade não perde o evento, então você irá encontrar os amigos, os figurões, os mestres cervejeiros, os caseiros, jornalistas, blogueiros. E nós, do blog Loucos Por Ales, mais uma vez, marcaremos presença no Stand Takeover no stand do Mad Gulliver, responsável pelo Beertone.(saiba um pouco como foi no ano anterior)

O lançamento que merece nosso destaque neste ano é para a aguardadíssima Katrina, da Yankee Nanocervejaria, de Curitiba. A cerveja Katrina foi a campeã do IV Concurso Estadual de Cervejas Caseiras da ACervA/SC, ocorrido em maio de 2015. Trata-se de uma Russian Imperial Stout maturada em Amburana, uma autêntica representante do estilo, cerveja de elevada complexidade, com aroma marcante da madeira e maltes torrados, apresenta paladar adocicado e suave, a despeito do elevado teor alcoólico.
Por ter sido a receita campeã do concurso catarinense de 2015, ela ganhou uma versão industrializada, em Janeiro de 2016, na cervejaria Schornstein, de Pomerode, e estará disponível para degustação no festival. Em primeiríssima mão, tivemos a oportunidade de provar a versão de panela, que competiu no ano passado, e estamos ansiosos pelo lançamento em Blumenau.


Cerveja Katrina, da Yankee em parceria com a Schornstein
        
Até lá, nos vemos em Blumenau!

domingo, 29 de novembro de 2015

Confira o resultado do IV Concurso paranaense de cerveja feita em casa

Aconteceu ontem a festa de premiação do IV Concurso paranaense de cerveja feita em casa e, como não poderia deixar de ser, estávamos lá para acompanhar tudo. Não só para acompanhar, acabamos levando medalhas também:

1º Lugar - Categoria Hidroméis e Sidras
3º Lugar - Geral - Best of Show



Confira abaixo o resultado completo:
Categoria Leves:
1 - 4FWeizen - Weizen/Weissbier - Oscar Fierro
2 - WiThiago - Witbier - Thiago Vasconcellos
3 - GIRAIAGUA - Standard American Lager - Henrique Cruz

Categoria Escuras:
1 - Vanilla Porter - Robust Porter - Rafael Rossetto
2 - MAGIS - Robust Porter - Helio Rissio
3 - Capulus - Northern English Brown Ale - Rodrigo Brunetta
Categoria Ales Fortes e Bocks:
1 - Pandorga Old Ale - Old Ale - Andreia Hiura
2 - Betume - Imperial Stout - Ricardo Harmuch
3 - BW Maison Bleue - English Barleywine - Wiliams C Souza Jr
Categoria Pale Ales:
1 - Jandersonpaulo@yahoo.Com.Br - Belgian Pale Ale - Janderson Bonfim
2 - VIKINGS - Irish Red Ale - Guilherme Lima
3 - GiraiAblond - Blonde Ale - Henrique Cruz
Categoria American Pale Ale:
1 - Classic Style #5 - American Pale Ale - Guilherme Cominese
2 - APA Lei Seca - American Pale Ale - Dirlei Wolf
3 - Arrebatadora De Coracoes (JuliPA Edition) - American Pale Ale - Juliano Costa
Categoria IPAs:
1 - Nummer 02 BinhoBier IPA - American IPA - Fabio Schlichting
2 - MAGIS - American IPA - Helio Rissio
3 - IpanElla - English IPA - Ricardo Pena
Categoria Belgas:
1 - Dark Belgie - Belgian Dark Strong Ale - Roverli Ziwich
2 - Prophanna 4teen Months - Belgian Blond Ale - Matheus Mello
3 - Belgian Tripel - Belgian Tripel - Leonardo Soares
Categoria Sour, Frutas e Especiarias:
1 - Moonshine Oud Bruin - Flanders Brown Ale/Oud Bruin - Rafael David
2 - Vanila Shake - Spice, Herb, or Vegetable Beer - Diego Soares
3 - Berliner Hammes - Berliner Weisse - Marlon Hammes
Categoria Defumadas e Amadeiradas:
1 - Chancho - Classic Rauchbier - Marlon Hammes
2 - Smoked Robust Porter - Other Smoked Beer - Ricardo Pena
3 - Terminator - Other Smoked Beer - Joao Roberto Melo Da Silva
Categoria Especialidades:
1 - Sour Saison Com Butiá - Specialty Beer - Edivan Zuanazzi
2 - TV Session IPA - Specialty Beer - Thiago Vasconcellos
3 - Prophanna Citrus TypeFour - Specialty Beer - Matheus Mello
Categoria Hidroméis e Sidras:
1 - Hophead Mead - Metheglin - Daniel Dallagassa
2 - Melomel - Other Fruit Melomel - Henrique Hertel
3 - Bouchet Cacau - Open Category Mead - Henrique Hertel
Best of Show:
1 - Chancho - Classic Rauchbier - Marlon Hammes
2 - Classic Style #5 - American Pale Ale - Guilherme Cominese
3 - Hophead Mead - Metheglin - Daniel Dallagassa

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

5 táticas da AB-InBev para acabar com as artesanais

Novamente vamos falar da Ab-InBev, aqui carinhosamente alcunhada de Império Galático, e das suas medidas para inibir o crescimento da Aliança Rebelde (movimento dos cervejeiros artesanais).

Tal plano maléfico já está bastante claro no mercado dos Estados Unidos e a tendência, como já vem acontecendo em vários níveis, é que no mercado nacional aconteça algo muito parecido.

As informações são da Everyday Money.

São 5 etapas básicas que compõem a construção da Estrela da Morte do Império contra a Aliança.

Nunca me pareceu muito mortífera


Vamos aos fatos:

1- Criação de pseudo-cervejarias artesanais



Eles criam algumas marcas premium, semi-artesanais, com um storytelling interessante que se mistura com o sonho de seus cervejeiros "empreendedores".  Nos esteites, caso famoso é o da Blue Moon que produz uma ótima Witbier baseada na escola belga e que foi criada pela mente inventiva de um tal Keith Villa em uma pequena cervejaria em Denver. No entanto, essa cervejaria nasceu sob o domínio da Coors, uma das grandes americanas e que é uma subsidiária da SABMiller e que hoje faz parte do Império.

Essa cervejaria foi, ao que parece, a que deu a origem ao termo "crafty", expressão surgida da palavra craft que é a denominação para as cervejarias artesanais nos EUA. Crafty, para simplificar, seria algo que parece muito uma cervejaria artesanal, mas não é, pois pertencente a uma grande corporação e logo lhe falta a independência das crafts.

No Brasil, não lembro de uma história tão elaborada em torno de uma marca para fazê-la se passar por uma cervejaria artesanal.

No caso do Império, o mais próximo disso é a linha premium da Bohemia e que hoje possui alguns novos rótulos, mais semelhantes à pegada artesanal (antes havia apenas coisas como Weiss, Abadia e etc).

Outro exemplo seria a Therezópolis, que apesar de não ser de uma megacorporação, nuca foi uma pequena empresa, nos moldes de uma verdadeira artesanal. Mas essa cervejaria não é o nosso foco para o momento.

Basicamente, a ideia dessas pseudo-artesanais é pegar alguns novos consumidores incautos que estão cada vez mais exigindo qualidade, mas ainda não estão cientes do verdadeiro movimento artesanal.

2 -  Comprar e tomar para si marcas de cervejarias artesanais



Como diz na matéria original, "se não pode vencê-las, compre-as todas". Nos EUA o Império Galático comprou as cervejarias Goose Island, Elysian, 10 Barrel, Golden Road, Blue Point. Tais marcas sempre foram reconhecidas por sua qualidade, sendo que a compra por uma grande corporação não poderia lhes tirar o título de crafts. Segundo o discurso do próprio Império isso seria uma injustiça com a tradição dessas cervejarias. No entanto, esse papo não cola para a Brewers Association (entidade representativa das cervejarias artesanais dos EUA).

Por aqui, temos como exemplos bem claros a Wäls e a Colorado, compradas também pelo Império, sob o discurso de se criar uma escola cervejeira brasileira, uma verdadeira comunhão de esforços para levar boas cervejas para todos os rincões desse "Brasilzão".

Para nós desse blog, e para muitos cervejeiros artesanais, esse discurso também não colou.

3 - Combate ideológico: vocês todos são uns "beer snobs", cervejochatos

De um lado, eles tentam criar pseudo-artesanais ou mesmo adquirir marcas artesanais para ter parte desse mercado, por outro, fazem propaganda para desacreditar o movimento artesanal. Nos EUA ficou famosa a propaganda da Budweiser, inclusive repercutindo por aqui, no intervalo do Super Bowl, promovendo o orgulho de ser grande e de quebra tirando onda com os apreciadores de cervejas artesanais (saiba mais no Bebendo Bem).

Falando nisso, não passe por Beer Snob ao falar como um deles.

4 - Controle da distribuição

Você é livre pra decidir e vender o que você quiser


É notório que a AB-InBev tem poder econômico suficiente para adotar todo tipo de manobras anticoncorrenciais se não houver fiscalização e regulação de sua atividade. Nos EUA o Império tem dominado diversos pontos de distribuição, entre eles, grandes franquias de restaurantes, em que nenhuma outra marca de cerveja entra se não for do Império. Inclusive, os organismos do país já investigam essa atuação predatória (veja aqui)

Por aqui, a coisa não é muito melhor. Há diversos relatos de microcervejeiros que têm seus produtos negados nos mais diversos pontos de venda em razão de um lado oculto da força (nada muito declarado).

A atuação anticoncorrencial se verifica bastante facilmente na maioria dos bares espalhados pelo Brasil, os quais só trabalham com cervejas de uma grande marca. Onde vende Heineken, não vende Ambev, onde vende Ambev só vende Ambev. Claro, a empresa não proíbe o bar de vender outras cervejas, a questão é que ela terá que levar embora suas diversas geladeiras que muito gentilmente foram disponibilizadas ao estabelecimento, entre outras regalias perdidas que só uma megacorporação tem condições de conceder.

5 - Dominar o mercado por meio de fusões

Todos já sabem da negociata entre as duas maiores companhias de cerveja do mundo, SABMiller e AB-InBev. O Império cresce e passa a alcançar todas as regiões desse planeta, desse pequeno pálido ponto azul (como diria Carl Sagan). E o que é melhor, não tem pela frente seu maior concorrente, pois agora estão do mesmo lado. A empresa pode melhorar sua logística, pontos de distribuição e de quebra economizar uma quantia monstruosa de dinheiro em marketing agressivo, pois, como dito, sua maior concorrente não mais existe. Segundo a matéria em que baseamos esse texto, as duas empresas gastavam algo perto de 500 bilhões de dólares anuais em propaganda. Agora dá para diminuir isso pela metade (para ser bem simplista).



* Bônus * 6 - Lobby político

A matéria original não traz esse fato, esse é especial para leitores do Loucos por Ales. O Império fez diversas doações para campanhas eleitorais das mais diversas frentes e ideologias. Não admira que a proibição da venda de cerveja em estádios na Copa do Mundo da Fifa tenha se revertido e passou a vender apenas um tipo de cerveja (adivinha). E o Simples Nacional emperrado? (Saiba mais no Henrik Boden) Até agora não houve a inclusão das micros nesse sistema facilitado de arrecadação. Para tal negativa utilizam-se de argumentos mais do que demagógicos, como o fomento de empresas de bebidas alcoólicas e por consequência o incentivo ao abuso, entre outras besteiras.

A atuação de grandes corporações na política e em processos legislativos não é novidade, é o tipo de coisa que todo mundo sabe, mas ninguém gosta de comentar. Mas é preciso apontar essa força maligna sobre nossos facilmente corruptíveis políticos.

Que a força esteja com vocês amiguinhos.




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