sábado, 26 de abril de 2014

11 cervejas para tomar com até 11 reais

Nos últimos dias houve uma grande polêmica envolvendo um bar daqui de Curitiba, quando o proprietário do estabelecimento ofendeu uma cliente que havia reclamado do atendimento. Uma das questões centrais do "diálogo" foi o preço da cerveja, no caso, R$11,00. O dono do bar, em meio a ofensas à cliente ainda disse: "se você não quer pagar R$11 por uma cerveja, pode ir até o Extra e gastar R$3 . Já sabemos que é possível tomar cerveja puro malte com este valor, como está descrito aqui. Baseados na polêmica e na prática de alguns bares que insistem em cobrar preços abusivos pela cerveja, resolvemos elencar 11 excelentes cervejas para tomar com menos de 11 Reais.

1 - Leffe Blond


É a cerveja de Abadia mais bebida no mundo. Uma Blond Ale belga que não deve nada a ninguém. Possui corpo moderado, creme de boa formação e sabor equilibrado com suave dulçor. Está na casa dos R$7.








 2 - Way American Pale Ale


A Way American Pale Ale é uma das cervejas de maior personalidade em nossa lista. Muito carregada no lúpulo, é uma cerveja que tem amargor intenso mas muito bem inserido no corpo da cerveja. Em garrafa custa entre R$6 e R$7,50.










3 - Eisenbahn Kölsch


A Eisenbahn é a campeã em cervejas de baixo custo e elevada qualidade. Pode-se encontrar alguns de seus diferentes rótulos por menos de R$6 e, por este motivo, geralmente a Eisenbahn é a porta de entrada para aqueles que querem conhecer cervejas especiais. O estilo Kölsch tem origem na alemanha e leva maltes de cevada e trigo. Esta cerveja é leve e equilibrada mas já apresenta um pouco mais de sabor e amargor em relação às cervejas mais populares.






4 - Affligem Dubbel


Affligem Dubbel é uma cerveja de abadia, de coloração marrom-avermelhada, feita com maltes escuros. Possui sabores e aromas mais complexos e picantes que as tradicionais Blond Ales e passa por uma segunda fermentação na garrafa. Pode ser encontrada em supermercados por aproximadamente R$11.







 5 - Brooklyn Lager


Esta é uma lager impressionante! Com muito sabor, aroma e uma boa carga de amargor, a Brooklyn Lager vai surpreender aqueles que acham que lagers são sem graça. Muito refrescante e um curinga na harmonização. Custa R$11 mas é possível encontrar por menos em algumas promoções.








6 - Gauden Bier Pilsen


 Esta Pilsen é uma boa pedida quando se está em busca de refrescância mas sem cair na mesmisse. Por passar pelo processo de dry hopping, esta cerveja tem aromas mais intensos. Custa cerca de R$10.








7 - Guinness


Quem é fã das cervejas escuras também não fica desabastecido nesta faixa de preço. A tradicional, a cerveja que deu o nome ao estilo Stout, Guinness Draught em lata pode ser encontrada também na casa dos R$11. É uma cerveja com presença evidente de maltes torrados, aroma de café e creme muito persistente.






8 - Insana Gold

Insana gold foi uma grata surpresa: cerveja artesanal de alta qualidade fabricada em Palmas-PR.O cervejeiro Pedro Reis começou, como a maioria, fazendo cerveja "fundo de quintal" e em pouco tempo o pessoal da região tomou gosto por suas "invenções". No começo, apesar de já conhecida em outras cidades, era difícil encontrar uma insana, visto que Palmas dava conta de toda a produção. Cerveja puro malte com bom equilíbrio e amargor e aroma refrescante conferido pelos lúpulos. É possível encontrá-la por R$11 em supermercados e lojas especializadas.


9 - Petra Stark Bier

 
Cerveja puro malte de alto teor alcoólico (8,2% vol), encorpada e com boa formação de espuma. Forte presença do malte caramelo equilibrado com certo amargor.Normalmente custa R$10,50 mas é um estilo sazonal, criado pelos alemães para a época do Natal, quando o tempo é frio e a maior graduação alcoólica ajuda a esquentar.










10 - Hoegaarden

Essa cerveja marca o renascimento do estilo Witbier que estava praticamente esquecido. Foi criada pelo leiteiro Pierre Celis na década de 60. Trata-se de uma típica cerveja belga de trigo que, ao contrário das alemãs, admite vários "temperos" na sua composição, tal como coentro e casca de laranja. Além dos aromas conferidos pelas especiarias é uma cerveja bastante refrescante, indicada para dias de calor e acompanhando comidas leves, cor turva, clara e com formação de creme típica de uma cerveja de trigo. Por cerca de R$8 ou R$10 é possível desfrutar desta iguaria.






11 - Paulaner Hefe-Weissbier Naturtrüb

Mais uma cerveja de trigo, só que da escola alemã. Mais escura e encorpada do que a Wit anterior, não leva em sua composição especiarias. Aromas de cravo e banana, por exemplo, são decorrentes das leveduras. Intensa formação de espuma, bastante cremosa e persistente. Também recomendada em dias de calor e com comidas leves. Vai muito bem com a tradicional carne de onça servida com pão preto (veja aqui). Chega a custar R$10, dependendo do supermercado.




É isso aí pessoal, como vocês viram ninguém precisa pagar 11 reais por Skol, ainda por cima quente. Basta procurar nos lugares certos e sempre com a mente aberta para novas experiências.

Tchau, manos e manas!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Loucos por Ales em, existe sim amor em SP



É isso aí pessoal, feriadão de Páscoa estivemos na terra da garoa e passamos por um dos bares mais tradicionais de cervejas do Brasil, o Empório Alto dosPinheiros, carinhosamente conhecido como EAP.

Fonte: site EAP


Por sorte, pudemos conferir a nova barley wine da Wäls EAP (em homenagem ao empório) na pressão antes do lançamento oficial no dia 23 de abril. Mas, já chegamos nela.

Primeiro, vamos falar um pouco do bar. O EAP fica no bairro Pinheiros, possui algumas mesas externas logo na sua entrada, à direita se vê um balcão típico de pubs e para dentro dele são 33 torneiras de chope internacionais e nacionais.

Ao chegarmos, fomos direto ao balcão para ficar perto do chope, não sem antes nos surpreendermos com a imagem à esquerda do estabelecimento. Várias geladeiras e uma grande prateleira contendo uma diversidade de rótulos (700 segundo o site), das mais tradicionais às últimas novidades que aportaram por terras tupiniquins, isso é inegável.
Fonte: gatrolandia.uol

Bom, estamos lá no balcão, dando uma olhada no cardápio e apreciando uma Vixnu quando um garçom se aproxima e pergunta para outro, responsável por servir os chopes, se a Chimay é importada ou nacional. Achei, no mínimo, inusitado e aguardei a resposta.

O rapaz que estava nas torneiras hesitou, olhou para baixo do balcão como se procurasse uma cola e, após alguns instantes, respondeu: “É importada! – mais alguns segundos e lança – é belga!”

Ok, eu sei que é exigir demais que o estabelecimento conte apenas com beer connoisseour – como é difícil essa palavra! – em seus quadros, mas um conhecimento mínimo é não só necessário como essencial. E isso não foi isolado, o desconhecimento sobre a matéria é a regra no bar. Se existia alguém que pudesse auxiliar aos mais inexperientes, e também aos já escolados, devido à enorme variedade, não foi encontrado.

Como pretendíamos jantar nos dirigimos a uma mesa no andar superior, numa espécie de sacada, bastante agradável. Mas logo nos deparamos com um inconveniente, os chopes estão enumerados apenas em um lugar no empório, perto das torneiras. Não há nenhuma outra forma de consultar os chopes do dia, e nem pense em perguntar das cervejas, só olhando uma por uma.

Infelizmente fomos atendidos por um garçom que estava mais interessado em digitar em seu celular, mas diga-se, foi mesmo azar, porque os demais garçons foram atenciosos, em que pese não saberem muito sobre o produto que oferecem.

Pedi um capeletti recheado com mussarela de búfala e molho de tomate com manjericão. Para acompanhar, uma cerveja belga da região de Flandres (sim, é importada e sim é belga!), a Vichtenaar, uma flandres red ale envelhecida por 8 meses em barris de carvalho.

Foto: Adriano Biancolini

A ideia foi aproximar a acidez da cerveja (que se aproxima à acidez de algumas lambics) com o molho de tomate, e ao mesmo tempo harmonizar com a massa (lembre-se que as cervejas ales podem ser comparadas aos vinhos tintos para a harmonização).

Por não ser o recheio de mussarela de búfala tão marcante optei por essa cerveja que apesar de escura (vermelho para o marrom) é refrescante e com ótimo drinkability.

Opa, já estava esquecendo da barley wine EAP da Wäls. Foi nosso último pedido, serviu como um bom digestivo após a refeição. Trata-se de uma barley wine com 11,5% vol, três tipos de lúpulo (tettnanger, Cascade e Galena), maturado com lascas de carvalho francês.

Foi servida numa tacinha de aproximadamente 150 ml e custou 15 reais. Possui cor âmbar, sem carbonatação e viscosidade típica do estilo. Possui dulçor e amargor equilibrados, mas não tem aquele corpão. Como todas as cervejas da Wäls merece aplausos, sempre evidenciado o fino trato na elaboração e no equilíbrio de seus produtos.

Fonte: Facebook Wäls


Em resumo, o EAP é visita obrigatória para os cervejeiros que passarem por São Paulo. Lá você encontra todas as novidades e uma grande variedade de chopes e cervejas. Os preços dos chopes são salgados, mas as garrafas estão dentro do mercado. Infelizmente, você não vai encontrar orientação adequada do staff, mas ainda assim vale a viagem pelos rótulos. Quer uma dica? Se você está começando no mundo das cervejas leve aquele amigo beer nerd pra te ajudar. Precisa melhorar a consulta pelos clientes dos rótulos e principalmente dos chopes do dia.

Chega por hoje!

Aquele abraço e não acreditem se te disserem que não existe amor em SP, existem sim, em forma de cerveja com certeza.

Dica rápida: mercado ST Marche no Shopping Pátio Higienópolis. Muito organizado e possui uma boa variedade de cervejas a preços justos.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O Petroleum é nosso!!

Olá cervejeiros e cervejeiras de plantão!

Como grandes apoiadores, admiradores e apreciadores das cervejas artesanais nacionais, e da cultura cervejeira de um modo geral, viemos aqui apresentar para vocês um projeto muito bacana que a DUM cervejaria está desenvolvendo.

Já imaginaram um documentário que retrata não só a trajetória de uma cerveja pra lá de especial, a Petroleum, mas também o crescimento do cenário cervejeiro nos últimos anos? É exatamente sobre isso que o projeto “O Petroleum é nosso!” retrata.  Como já mencionamos aqui no blog, a Petroleum não é uma cerveja qualquer, podemos ver o quanto essa cerveja é realmente especial e nos impressiona desde o momento de sua fabricação até quando é degustada (com aromas, coloração e sabores que são fora do comum). Ela foi criada em Curitiba e é produzida em duas cervejarias distintas, a Wals e a DUM, confira o vídeo do projeto que conta um pouco mais sobre a cerveja (https://www.youtube.com/watch?v=be1AvdU7-5s).




Para ser um apoiador do projeto é muito simples, basta entrar na página do Petroleum é nosso!, no Catarse, se cadastrar e escolher o valor a ser financiado. Lá você poderá verificar que dependendo da quantia financiada há diferentes recompensas, desde garrafas feitas especialmente para os apoiadores, até camisetas e DVDs do filme. Para ver a regulamentação e até como será feita a distribuição do dinheiro arrecadado é só entrar na página deles no Cartarse.

Outra maneira de ajudar, e de quebra ter uma das ultimas novidades em termos de itens cervejeiros, nós do Loucos por Ales estaremos vendendo dois Beertones (R$49,00), da edição limitada feita especialmente para o blog. O valor da arrecadação dessas vendas será 100% convertido para financiar o projeto DUM Petroleum. Basta responder aqui nos comentários ou no facebook e nós entraremos em contato com as duas primeiras pessoas a se manifestarem.





Calma, se você dormiu no ponto e não foi tão rápido assim poderá obter seu Beertone aqui pelo site (lembrando que apenas os Beertones que vão ajudar no projeto são edições especiais):



Estão esperando o que pessoal?? Ajudem pelo site ou comprando o Beertone, o projeto tem mais 30 dias para atingir o valor necessário para ser produzido.


terça-feira, 8 de abril de 2014

A história das “cervejas” leves (light lager) – Parte 2



Na parte 1 desse estudo contextualizamos o início da cultura cervejeira nos Estados Unidos com a chegada dos imigrantes ao país e os primeiros fatores que contribuíram para a gradual estandardização das cervejas.

Nessa parte 2 será tratada acerca da fase negra da cultura cervejeira no país que se deu em 16 de janeiro de 1919 com a promulgação da 18ª Emenda à Constituição, conhecida como Lei Seca, a qual proibiu fabricar, vender, importar, exportar, transportar (todos os verbos possíveis!!) bebidas alcoólicas no território estado unidense. (Veja aqui a cerveja batizada em homenagem ao senador Volstead, um dos principais responsáveis pela Lei Seca.)

Para se ter uma ideia do estrago da Lei Seca no mercado cervejeiro, quando da sua promulgação existiam nos EUA 1.179 cervejarias, após a revogação da lei, em 1935, havia sobrado 703. Na década de 70, devido à dificuldade de recuperação das cervejarias menores e, em contrapartida, o crescimento das grandes corporações ligadas à bebida, cujos parques fabris eram enormes e possuíam grandes estruturas de distribuição, encurralando cada vez mais os pequenos produtores, resultou no quase desaparecimento da diversidade cervejeira, com o número inferior a 100 cervejarias em todo o território. Número ínfimo se considerarmos que no país, aproximadamente 100 anos antes (1873), existiam 4.131. (Vale destacar que no post anterior mencionamos o número aproximado de 2000 cervejarias, com base no livro de Maurício Beltramelli, todavia, Randy Mosher em sua obra fornece os citados valores mais robustos.)

A Lei Seca, uma lei fundada em um pretenso conceito da “moral e dos bons costumes” defendida por entidades religiosas e por senhoras americanas, donas de casas frustradas, que se auto intitulavam como “União das mulheres cristãs pela temperança”, acabaram por contribuir para a sublevação de uma figura emblemática e das mais temidas e famigeradas da história moderna dos Estados Unidos. Duas palavras são suficientes para matar a charada, scarface e Chicago.

Pois é, em meio a toda crise, sempre há alguém para tirar proveito da situação, em regra, com excelentes margens de lucro. O problema é que, não raras vezes, tais negócios são o que podemos chamar de escusos.

Com a proibição, a produção e comercialização clandestina de cerveja e outras bebidas alcoólicas propiciaram a Al Capone se tornar um dos gângsteres mais famosos e temidos da história.
No período auge de seu “reinado” em Chicago, Al Capone (o Scarface) chegou a faturar cem milhões de dólares por ano.

Pode-se dizer que o final de sua carreira de sucesso no crime se deve em grande parte à força tarefa comandada pelo agente federal Eliot Ness (Inclusive, há uma cerveja em sua homenagem, uma vienna lager, 6,2%, da cervejaria Great Lakes). Esse episódio foi bem retratado pelo filme dirigido por Brian de Palma intitulado, Os Intocáveis (no Brasil), baseada em série homônima de 1959.

O filme conta com as atuações de Kevin Costner no papel de Eliot Ness, Sean Connery, Andy Garcia e Robert De Niro encarnando um Al Capone sociopata, que esmaga a cabeça de um de seus “sócios” com um taco de beisebol durante uma de suas reuniõezinhas.

Outra cena crucial desse filme e, na minha opinião, uma das mais tensas de todo o cinema, é a do carrinho de bebê caindo pelas escadas em meio ao tiroteio. Nota especial para a mãe energúmena que não consegue se virar com aquele carrinho. Juro que eu torci pra sobrar um tiro nela pra acabar tudo bem com ela e com a criança. 



Essa cena foi inspirada no filme O Encouraçado Potemkin (1925), filme marco do cinema mudo russo. O filme retrata o motim da tripulação do Potemkin contra os oficiais do czar. A cena em questão, reproduzida no Os Intocáveis anos depois, apresenta um massacre de civis pelas forças do czar na escadaria de Odessa (Ucrânia), vitimando inclusive uma babá que deixa o carrinho de bebê rolar escada abaixo.


Para não estender muito mais, vale menção à trilha sonora do filme de Brian de Palma, mais uma obra prima do maestro italiano Ennio Morricone. Já falamos dele aqui em outras oportunidades, por se tratar do mestre musical do gênero faroeste espaguete.

Bom, agora que já demos uma passeada pelo cinema para relaxar, temos que preparar o terreno para o próximo post.

Com a Lei Seca, como era de se esperar, a população em geral perdeu a tolerância a cervejas mais alcoólicas. Mesmo com o fim da proibição, a retorno das bebidas alcoólicas em geral foi gradativo, e já havia se instaurado um novo mercado consumidor, mais acostumado às soft drinks. Mas como dito, isso fica para um outro momento.

Agora, Deixo com vocês a música do mestre Morricone, tema do filme Cinema Paradiso do diretor Giuseppe Tornatore.
 


Até a parte 3, e cuidado nas escadas!! 

________

Referências:

FRAYLING, Christopher; KEMP, Philip. Tudo sobre cinema. Sextante, 2011.

MORADO, Ronaldo. Larousse da cerveja. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.

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