segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A união de coisas boas...

Sempre digo que a união de duas coisas boas só pode ter um ótimo resultado. Quando este assunto surge, sempre há alguém para lembrar, já com cara de nojo: "Chocolate e Bacon". Pois sim, chocolate com bacon é uma delícia!

Foto: Examiner.com
Podem acreditar, fomos apresentados a esta e outras experiências durante o curso de Harmonização com Cervejas da Bodebrown.

Desde nosso nascimento, a percepção sempre foi a razão pela qual provamos a satisfação e o prazer. Seja o conforto de ter algo com o que estamos acostumados ou a surpresa por uma novidade, aos poucos formamos nossas impressões, parâmetros e opiniões sobre aquilo que nos satisfaz e nos agrada. Este é exatamente o processo que acontece na formação de nossa biblioteca do sabor, onde recordamos sabores, aromas e experiências que nos agradaram ou desagradaram.

No último final de semana estivemos presentes no curso de harmonização com cervejas da cervejaria Bodebrown, daqui de Curitiba. E o recado sobre a harmonização, assim como na degustação das cervejas, não poderia ser outro: "Não há certo ou errado". Cada degustação, cada harmonização depende de características pessoais de percepção e identificação com os sabores e nuances do prato em combinação com a cerveja.

Assim como na experiência sensorial em que deixamos uma de nossas mãos em uma bacia com água gelada e outra em água morna e, após alguns minutos, imergimos ambas as mãos em água a temperatura ambiente, a percepção de sabores e aromas acontece de forma referencial. Ao compor uma harmonização submetemos o nosso paladar à composição dos sabores da cerveja e do prato. E agora? Você quer que sua cerveja seja a água fria ou a água morna na percepção dos seus convidados? Ao harmonizar elementos semelhantes você pode criar uma agradável sensação de conforto e sinestesia, evidenciar características de algum dos elementos ou ainda realizar um choque de sensações controversas.

Para todos aqueles que apreciam cervejas especiais, a arte da boa mesa e, principalmente, a harmonia das duas coisas, recomendamos este curso promovido pela cervejaria Bodebrown. Saímos de lá muito satisfeitos com a experiência, com a estrutura e com a cordialidade de todos que nos receberam.

No curso nos foram apresentados conceitos básicos de degustação de cervejas, sabores e teorias de harmonização. Foram 8 harmonizações de alimentos com cervejas variadas e complexas, nacionais e importadas, sempre com foco nas diferentes percepções causadas por cada combinação de características.

Como a carbonatação ajuda com alimentos gordurosos? Como a pimenta pode ser favorecida ou desfavorecida pelo Lúpulo? Como a torrefação do malte pode ser revelada por doces, entre outras características foram abordadas e muito bem comentadas e apreciadas.

Cervejas que provamos neste sábado:

 - Morada Double Viena
 - Bodebrown Blanche de Curitiba
 - Rogue Punpkin Ale
 - Way Amburana
 - De Bora Poderosa IPA
 - Rocheford 8
 - Founders Porter
 - Liefmans Fruitesse

Foto:aartedabebida.blogspot.com

Muito obrigado ao instrutor, Allan Cunha, à Bodebrown e a todos os presentes.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

De frente com DeuS

Carnaval, época de muitos pecados e heresias. Sillas Malafaia ficou de frente com Gabi e sua santidade decidiu voltar a ser Ratzinger e deixar de ser Bento. E o que tudo isso tem a ver com cerveja?

As cervejas também são santas, como você já viu nesse post, e também há Deus no mundo cervejeiro.

Foto - Dagalláxia
DeuS é uma ceveja  belga produzida pelo método champenoise e limitada a 15 mil garrafas por ano. A cerveja é concebida na Bélgica de onde é levada para a cidade de Reims, na região de Champagne (França), para  receber garrafas de Champagne e fermentar novamente enquanto passa pelo processo de remuage, que dura aproximadamente um ano. Muita história, sofisticação e alto preço são os símbolos desta ótima cerveja.




Foto - Dagalláxia
No copo a DeuS se porta como um Champagne, coloração clara com espuma presente e perlage persistente. O aroma é uma mistura de ervas, frutas e especiarias; muito delicado. Um ataque de manjericão e tomilho tomam conta do aroma que se mistura a damasco, frutas secas e muito frescor. É no sabor que a DeuS mostra sua origem: Sem exibir demais os mais de 11% de álcool ela possui sabor complexo, fresco, frutado e lupulado, com final seco e consideravelmente amargo. DeuS é uma boa experiência, mas assim como Sillas Malafaia, que teve o patrimônio estimado pela revista Forbes em R$300.000.000, a cerveja não vale tudo aquilo que custa.



Em contrapartida, nossa indicação é de uma cerveja fabricada pelo mesmo processo: Eisenbahn Lust Prestige. A Eisenbahn foi a terceira cervejaria no mundo a lançar uma cerveja fabricada pelo método champenoise e o fez de forma magnífica. A Lust Prestige é uma cerveja que incorpora o sabor das trapistas belgas ao corpo de Champagne, mas esta será objeto de mais uma matéria neste blog.
Foto - Dagalláxia

Para engrenar os trabalhos na volta do carnaval, deixo para vocês a versão da Imelda May para 'Tainted Love'. 















sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

AS BARATINHAS DE CARNAVAL


É, meus queridos! É tempo de carnaval, globeleza, sambas enredo irritantes que ficam martelando até os limites da razão, propagandas de conscientização acerca da bebedeira segura e o sexo em exagero...quer dizer, bebida com moderação e sexo seguro.

É tempo também de juntar a ograda, lotar o carro mil e encarar horas de estrada pra chegar à praia e, é claro, tempo de beber muita cerveja barata estupidamente gelada.

foto: Biancolini

Isso mesmo! Convenhamos, ninguém vive só de cervejas especiais, e eventos como churrasco entre amigos e o carnaval são prova disso. Ninguém tira uma Pilsener Urquell do isopor na beira da praia e degusta essa maravilha tcheca em uma taça adequada ao estilo pilsen (até que não seria uma experiência das piores).

Não, Não, carnaval é tempo de tomar quantidades maciças das queridas standard american lagers, aquelas conhecidas como pilsen aqui em terrae brasilis.

E pensando no bem estar de vossas senhorias, foliões cervejeiros, é que fizemos uma jornada emocionante, intrigante, às vezes dolorosa, é verdade, mas enriquecedora, e que ajudará na escolha da cerveja ideal para pular a tão esperada festa pagã.

Vale alertar que as cervejas testadas se restringiram àquelas distribuídas em lata ou long neck devido à facilidade do transporte e da acomodação em isopores, coolers e similares.

Vamos então Às Baratinhas!

Comecemos com uma das marcas nacionais mais tradicionais, a

Antarctica: Teor alcoólico 4,9%; comprada em lata 350 ml; valor: R$ 1,49.
Impressões: Aroma de malte, ataque no paladar, mais malte, bem carbonatada. Retorno (quero dizer, aquele arrotinho gostoso que volta logo após o primeiro gole), sente-se um toque de alumínio.
Podiam caprichar mais no lúpulo e menos nos carboidratos e cereais não-malteados – isso com certeza.
Ingredientes: água, malte, cereais não-malteados, carboidratos, lúpulo, antioxidantes e estabilizantes.

Antarctica sub zero: Teor alcoólico 4,6%; comprada em lata 350 ml; valor: R$ 1,29.
Impressões: Infelizmente, a dica é a mesma para várias das cervejas “degustadas” (com ênfase nas aspas!), beba bem gelada! Do contrário o arrependimento é certo como a morte, tarde mais não falha, nesse caso não tarda muito não.
Meio azeda, amarra a boca (adstringência). Pouca espuma.
foto: Biancolini
A cervejaria se gaba de fornecer um produto duplamente filtrado abaixo de zero. Tal “super-filtragem” serve justamente para compensar a baixa qualidade da cerveja, mantendo por mais tempo inalteradas suas propriedades organolépticas. Caso contrário, a ação de qualquer levedura ou a existência de resíduos na cerveja a tornariam intragáveis.
A dupla filtragem garante a transparência da cerveja e sua falta de aroma e sabor, sendo que após algumas latas você passa a duvidar se realmente está tomando uma bera.

Devassa bem loura: Teor alcoólico 4,7%; comprada em lata 350 ml; valor: R$ 1,50.
Impressões: Na minha opinião, trata-se de uma cerveja para o público feminino, doce e com bastante gás. Chega a ser enjoativa.
Ingredientes: Água, malte, cereais não malteados, lúpulo, antioxidantes, estabilizantes.

Nova Schin: Teor alcoólico 4,7%; comprada em lata 350 ml; valor: R$ 1,25.
Impressões: Pra bom entendedor meio gole basta! Essa é de doer. Amarrou a boca, doce demais! Cheiro da lata.
Ingredientes: Água, malte, cereais não malteados, lúpulo, estabilizantes e antioxidantes.

Sol: Teor alcoólico 4,6%; comprada na garrafinha caçulinha de 250 ml; valor: R$ 1,28.
Impressões: Cerveja de péssima qualidade. Foi difícil de terminar os 250 ml. No copo, a cerveja perde espuma e aroma rapidamente. Aguadinha, quase transparente, deixando um azedinho na língua e começo da garganta. Cerveja para mandar os convidados embora, servir pra sogra ou outro desafeto. Nem pense em tomar em outra temperatura que não estupidamente gelada.
Essa foi dura, e ainda há mais por vir!
Ingredientes: Água, malte, lúpulo (passou de avião), cereais não maltados, carboidratos transformados, estabilizante e antioxidantes.

Bavaria Premium (puro malte): Teor alcoólico 4,8%; comprada na long neck de 355 ml; valor: R$ 1,99.
Impressões: Cor dourada e espuma consistente.
Forte aroma de malte, bem carbonatada, gerando leve ardida na ponta da língua. Sensação agradável na garganta. Pouco mais de lúpulo daria maior equilíbrio.
Uma boa cerveja. Boa pedida para mulheres, não sendo tão enjoativa quanto uma Bud ou Devassa bem loira. Não deixa retrogosto desagradável.
Todavia, acho que não é uma cerveja fácil de se tomar o dia inteiro.
Ingredientes: Água, malte, lúpulo, estabilizante e antioxidante. Repare que é uma cerveja puro malte, por isso não contém adjuntos como cereais não maltados ou carboidratos. Fato que torna essa cerveja uma boa escolha.

Skol: Teor alcoólico 4,7%; comprada na long neck de 250 ml; valor: R$ 1,35.
Impressões: Espuma se dissipou logo. Cerveja refrescante, para ser tomada rapidamente. Possui proporção de lúpulo menor que a Sol, por exemplo, mas é menos enjoativa.
Ingredientes: Água, malte, cereais não malteados, carboidratos, lúpulo, antioxidante e estabilizante.

Bohemia: Teor alcoólico 5%; comprada em long neck de 355 ml; valor: R$ 2,19.
Impressões: Formação de espuma com bolhas grandes, o que significa má formação, logo dissipou. Como a maioria das experimentadas, causa leve ardência na língua. À primeira vista mostrou-se equilibrada, preponderando sabor do malte, com a temperatura um pouco mais alta, percebe-se que é uma cerveja bastante adocicada.
Segundo o rótulo é a 1º cerveja do Brasil, o que é tecnicamente falso, já que existiram diversas cervejas antecessoras fabricadas no território nacional, mas que sumiram, muitas sem deixar qualquer registro[1].
Outra informação intrigante do rótulo é a de que a cerveja permanece seguindo a receita original do mestre-cervejeiro. Será que essa receita realmente levava cereais não malteados, carboidratos, estabilizantes e antioxidantes?
De qualquer forma, é uma cerveja tradicional e que é do gosto do povo, cuja cervejaria foi criada em 1853 por Henrique Kremer, fundada na cidade de Petrópolis/RJ.

Summer Draft: Teor alcoólico 4,7%; comprada em long neck de 355 ml; valor: R$ 2,31.
Impressões: Espuma honesta, cerveja quase transparente mas bastante aromática na primeira impressão. Com mais tempo, pensei ter sentido um cheiro de canto ou mofo. Cerveja bastante refrescante. Cerveja que cumpre ao que se destina.
Ingredientes: Água, malte, lúpulo, cereais não malteados e antioxidantes.

Budweiser: Teor alcoólico 5%; comprada em long neck de 355 ml; valor: R$ 2,19.
Impressões: Essa cervejinha, nos últimos tempos, caiu no gosto do povo. Aquela coisa, nada contra, mas a peãozada gosta de novidade dos gringo, em que pese a Bud vendida nos mercados ser produzida por essas bandas de cá mesmo.
Bom, vamos lá. Cerveja extremamente clara, com espuma de pouca duração, como a maioria das testadas. Leve cheiro de chapinha de metal, tradicional ardência na ponta da língua em razão da carbonatação.
Detalhe interessante fica por conta da adição de arroz no malte, o que não me parece que deveria ser sinal de orgulho como a marca ostenta, e o tal processo Beechwood, que segundo consta é uma espécie de madeira colocada nos tanques de fermentação[2].
Pra mim, particularmente, a Budweiser como cerveja é um excelente trabalho de marketing.

Itaipava: Teor alcoólico 4,6%; comprada na lata seladinha de 350 ml; valor: R$ 1,32.
Impressões: Boa aparência, espuma, nada novo. Primeiro gole tem um “q” de fermentação de vinho espumante (não sei aonde eu estava com a cabeça quando achei isso?). Uma boa cerveja para um dia de praia.
Ingredientes: Água, malte de cevada, cereais não malteados, carboidratos, lúpulo, antioxidante e estabilizante.

Glacial: Teor alcoólico 4,4%; comprada na lata seladinha de 350 ml; valor: R$ 1,14.
Impressões: Essa é difícil de entender. Bem gelada é levíssima e desce legal. Amarra um pouco a boca. Com um pouco mais de cuidado, percebe-se que ela é bem insossa, mas dá pra tomar de boa.
Ingredientes: Água, malte, cereais não malteados, lúpulo, estabilizante e antioxidante.

Bavária clássica: Teor alcoólico 4,6%; comprada em lata de 350 ml; valor: R$ 1,35.
Impressões: Espuma surpreendentemente cremosa. No primeiro gole deu uma bela amarrada na boca, mas a impressão foi boa, a cerveja tem um amarguinho honesto.
Ingredientes: Água, malte, lúpulo, cereais não malteados, carboidratos transformados, antioxidantes e estabilizantes.

Kaiser gold: Teor alcoólico 5,4%; comprada em long neck 355 ml; valor: R$ 2,38.
Impressões: É uma cerveja extra, com teor alcoólico um pouco mais elevado, com coloração um pouco mais escura do que as demais concorrentes. É uma boa cerveja, apresenta um amargor agradável, podendo-se sentir, discretamente, notas do lúpulo, o que é raro nas cervejas populares e mesmo nas premium como a Gold e Brahma extra.

Brahma chopp: Teor alcoólico 4,8%; comprada na lata de 350 ml; valor: R$ 1,69.
Impressões: Essa cerveja é uma boa opção pra quem quer uma cerveja um pouco mais encorpada e quer gastar o mesmo que gastaria com uma Skol ou Antarctica. No copo é uma cerveja dourada e apresentou, o que me pareceu, cheiro de ovo.
Ingredientes: Água, Malte, Cereais não maltados, Carboidratos, Lúpulo, Antioxidante e Estabilizante.

Heineken: Teor alcoólico 5%; comprada na lata de 350 ml; valor: R$ 2,19.
Impressões: A Heineken é uma cerveja premium, de ótimo custo benefício, já que na média do seu valor é a única cerveja pura, ou seja, contém malte exclusivamente de cevada sem adição de qualquer estabilizante ou antioxidante. Isso significa dizer que você pode beber muitas que não irá dar dor de cabeça. Isso eu digo por experiência própria.
É claro que essa cerveja não é do gosto de todos, muitos amigos, na verdade a desprezam.
Fato é que a Heineken é uma cerveja de sabor e aroma únicos. Isso se deve principalmente pela levedura desenvolvida exclusivamente para sua produção, o que oferece a individualidade dessa bera.
Essa cerveja é a minha primeira escolha, quando não se trata de cervejas especiais. No Brasil, depois da Heineken, até onde vão meus conhecimentos, a cerveja pura mais barata são as Eisenbahn, que seguem a lei de pureza da Baviera, e custam a partir de 5 ou 6 reais. Portanto, a Heineken tem um excelente custo-benefício.

Então, vamos lá!

Como vocês puderam perceber, minha escolha para o carnaval seria a Heineken em razão de sua qualidade e preço acessível, sem falar na garantia de não ter que sofrer com uma baita dor de cabeça na manhã seguinte ao carnaval.
Mas, muita gente não vai concordar com essa escolha, ou por não suportar a Heineken, ou por achar o preço um pouco elevado para a ocasião.
Caso você não se importe tanto com o preço, e apenas não é fã da Heineken, uma boa opção é a Kaiser Gold, cerveja bastante saborosa, com um bom amargor para enfrentar o calor. Na mesma linha de cervejas extras, outra opção é a Brahma extra, todavia ela não é tão encorpada.
Se você está mais preocupado com o preço, mas quer um pouco de qualidade, a opção é a Bavaria premium, cerveja bastante honesta ou, ainda, a Itaipava, que é bem refrescante e com a vantagem das latas possuírem o selo de proteção, bastante útil na beira da praia.
Agora, se você quer beber o máximo por menos e ficar louco, a pedida é a Bavária Clássica, apesar de ser um pouco mais cara que a Glacial, seu teor alcoólico é mais elevado e o amarguinho permite você tomar maiores quantidades sem o efeito empapuçante.

Isso aí pessoal, eu sei que esse post teve uma proposta audaciosa e muitas marcas ficaram de fora, mas nosso trabalho foi árduo. A ideia é de que a cultura cervejeira não sobrevive só de cervejas especiais, principalmente num país como o nosso, em que as cervejas de grande escala fazem parte do nosso dia-a-dia e da nossa cultura.

Um abraço a todos e, por favor, apesar da ogrisse desse post, bebam com responsabilidade nesse carnaval, se forem exagerar, o que é quase certo, deixem o carro em casa e vão pular bastante pra curar a bebedeira!

* os preços foram retirados do site mercadorama.com entre os dias 6 e 8 de fevereiro.



[1]BELTRAMELLI, Mauricio. Cervejas, brejas e birras: um guia completo para desmistificar a bebida mais popular do mundo. São Paulo: Leya, 2012, p. 187.
[2] http://trilhadabreja.wordpress.com/tag/budweiser/
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