Na
parte 1 desse estudo contextualizamos o início da cultura cervejeira nos
Estados Unidos com a chegada dos imigrantes ao país e os primeiros fatores que
contribuíram para a gradual estandardização das cervejas.
Nessa
parte 2 será tratada acerca da fase negra da cultura cervejeira no país que se
deu em 16 de janeiro de 1919 com a promulgação da 18ª Emenda à Constituição,
conhecida como Lei Seca, a qual proibiu fabricar, vender, importar, exportar, transportar
(todos os verbos possíveis!!) bebidas alcoólicas no território estado unidense.
(Veja aqui a cerveja batizada em homenagem ao senador Volstead, um dos
principais responsáveis pela Lei Seca.)
Para
se ter uma ideia do estrago da Lei Seca no mercado cervejeiro, quando da sua
promulgação existiam nos EUA 1.179 cervejarias, após a revogação da lei, em
1935, havia sobrado 703. Na década de 70, devido à dificuldade de recuperação
das cervejarias menores e, em contrapartida, o crescimento das grandes
corporações ligadas à bebida, cujos parques fabris eram enormes e possuíam
grandes estruturas de distribuição, encurralando cada vez mais os pequenos
produtores, resultou no quase desaparecimento da diversidade cervejeira, com o
número inferior a 100 cervejarias em todo o território. Número ínfimo se
considerarmos que no país, aproximadamente 100 anos antes (1873), existiam 4.131.
(Vale destacar que no post anterior mencionamos o número aproximado de 2000
cervejarias, com base no livro de Maurício Beltramelli, todavia, Randy Mosher
em sua obra fornece os citados valores mais robustos.)
A
Lei Seca, uma lei fundada em um pretenso conceito da “moral e dos bons
costumes” defendida por entidades religiosas e por senhoras americanas, donas
de casas frustradas, que se auto intitulavam como “União das mulheres cristãs
pela temperança”, acabaram por contribuir para a sublevação de uma figura
emblemática e das mais temidas e famigeradas da história moderna dos Estados
Unidos. Duas palavras são suficientes para matar a charada, scarface e Chicago.
Pois
é, em meio a toda crise, sempre há alguém para tirar proveito da situação, em
regra, com excelentes margens de lucro. O problema é que, não raras vezes, tais
negócios são o que podemos chamar de escusos.
Com
a proibição, a produção e comercialização clandestina de cerveja e outras
bebidas alcoólicas propiciaram a Al Capone se tornar um dos gângsteres mais
famosos e temidos da história.
No
período auge de seu “reinado” em Chicago, Al Capone (o Scarface) chegou a
faturar cem milhões de dólares por ano.
Pode-se
dizer que o final de sua carreira de sucesso no crime se deve em grande parte à
força tarefa comandada pelo agente federal Eliot Ness (Inclusive, há uma cerveja em sua homenagem, uma vienna lager, 6,2%, da cervejaria Great Lakes). Esse episódio foi bem retratado pelo filme dirigido por
Brian de Palma intitulado, Os Intocáveis (no Brasil), baseada em série homônima
de 1959.
O
filme conta com as atuações de Kevin Costner no papel de Eliot Ness, Sean
Connery, Andy Garcia e Robert De Niro encarnando um Al Capone sociopata, que
esmaga a cabeça de um de seus “sócios” com um taco de beisebol durante uma de
suas reuniõezinhas.
Outra
cena crucial desse filme e, na minha opinião, uma das mais tensas de todo o cinema, é
a do carrinho de bebê caindo pelas escadas em meio ao tiroteio. Nota especial
para a mãe energúmena que não consegue se virar com aquele carrinho. Juro que
eu torci pra sobrar um tiro nela pra acabar tudo bem com ela e com a
criança.
Essa
cena foi inspirada no filme O Encouraçado Potemkin (1925), filme marco do cinema mudo
russo. O filme retrata o motim da tripulação do Potemkin contra os oficiais do
czar. A cena em questão, reproduzida no Os Intocáveis anos depois, apresenta um massacre de
civis pelas forças do czar na escadaria de Odessa (Ucrânia), vitimando inclusive uma babá
que deixa o carrinho de bebê rolar escada abaixo.
Para
não estender muito mais, vale menção à trilha sonora do filme de Brian de
Palma, mais uma obra prima do maestro italiano Ennio Morricone. Já falamos dele
aqui em outras oportunidades, por se tratar do mestre musical do gênero
faroeste espaguete.
Bom, agora que já demos uma passeada pelo cinema para relaxar, temos que preparar o terreno para o próximo post.
Com a Lei Seca, como era de se esperar, a população em geral perdeu a tolerância a cervejas mais alcoólicas. Mesmo com o fim da proibição, a retorno das bebidas alcoólicas em geral foi gradativo, e já havia se instaurado um novo mercado consumidor, mais acostumado às soft drinks. Mas como dito, isso fica para um outro momento.
Agora, Deixo com vocês a música do mestre Morricone, tema do filme Cinema Paradiso do diretor Giuseppe Tornatore.
Bom, agora que já demos uma passeada pelo cinema para relaxar, temos que preparar o terreno para o próximo post.
Com a Lei Seca, como era de se esperar, a população em geral perdeu a tolerância a cervejas mais alcoólicas. Mesmo com o fim da proibição, a retorno das bebidas alcoólicas em geral foi gradativo, e já havia se instaurado um novo mercado consumidor, mais acostumado às soft drinks. Mas como dito, isso fica para um outro momento.
Agora, Deixo com vocês a música do mestre Morricone, tema do filme Cinema Paradiso do diretor Giuseppe Tornatore.
Até a parte 3, e cuidado nas escadas!!
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Referências:
FRAYLING, Christopher; KEMP, Philip. Tudo sobre cinema. Sextante, 2011.
MORADO, Ronaldo. Larousse da cerveja. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.
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Referências:
FRAYLING, Christopher; KEMP, Philip. Tudo sobre cinema. Sextante, 2011.
MORADO, Ronaldo. Larousse da cerveja. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.
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