quarta-feira, 25 de novembro de 2015

5 táticas da AB-InBev para acabar com as artesanais

Novamente vamos falar da Ab-InBev, aqui carinhosamente alcunhada de Império Galático, e das suas medidas para inibir o crescimento da Aliança Rebelde (movimento dos cervejeiros artesanais).

Tal plano maléfico já está bastante claro no mercado dos Estados Unidos e a tendência, como já vem acontecendo em vários níveis, é que no mercado nacional aconteça algo muito parecido.

As informações são da Everyday Money.

São 5 etapas básicas que compõem a construção da Estrela da Morte do Império contra a Aliança.

Nunca me pareceu muito mortífera


Vamos aos fatos:

1- Criação de pseudo-cervejarias artesanais



Eles criam algumas marcas premium, semi-artesanais, com um storytelling interessante que se mistura com o sonho de seus cervejeiros "empreendedores".  Nos esteites, caso famoso é o da Blue Moon que produz uma ótima Witbier baseada na escola belga e que foi criada pela mente inventiva de um tal Keith Villa em uma pequena cervejaria em Denver. No entanto, essa cervejaria nasceu sob o domínio da Coors, uma das grandes americanas e que é uma subsidiária da SABMiller e que hoje faz parte do Império.

Essa cervejaria foi, ao que parece, a que deu a origem ao termo "crafty", expressão surgida da palavra craft que é a denominação para as cervejarias artesanais nos EUA. Crafty, para simplificar, seria algo que parece muito uma cervejaria artesanal, mas não é, pois pertencente a uma grande corporação e logo lhe falta a independência das crafts.

No Brasil, não lembro de uma história tão elaborada em torno de uma marca para fazê-la se passar por uma cervejaria artesanal.

No caso do Império, o mais próximo disso é a linha premium da Bohemia e que hoje possui alguns novos rótulos, mais semelhantes à pegada artesanal (antes havia apenas coisas como Weiss, Abadia e etc).

Outro exemplo seria a Therezópolis, que apesar de não ser de uma megacorporação, nuca foi uma pequena empresa, nos moldes de uma verdadeira artesanal. Mas essa cervejaria não é o nosso foco para o momento.

Basicamente, a ideia dessas pseudo-artesanais é pegar alguns novos consumidores incautos que estão cada vez mais exigindo qualidade, mas ainda não estão cientes do verdadeiro movimento artesanal.

2 -  Comprar e tomar para si marcas de cervejarias artesanais



Como diz na matéria original, "se não pode vencê-las, compre-as todas". Nos EUA o Império Galático comprou as cervejarias Goose Island, Elysian, 10 Barrel, Golden Road, Blue Point. Tais marcas sempre foram reconhecidas por sua qualidade, sendo que a compra por uma grande corporação não poderia lhes tirar o título de crafts. Segundo o discurso do próprio Império isso seria uma injustiça com a tradição dessas cervejarias. No entanto, esse papo não cola para a Brewers Association (entidade representativa das cervejarias artesanais dos EUA).

Por aqui, temos como exemplos bem claros a Wäls e a Colorado, compradas também pelo Império, sob o discurso de se criar uma escola cervejeira brasileira, uma verdadeira comunhão de esforços para levar boas cervejas para todos os rincões desse "Brasilzão".

Para nós desse blog, e para muitos cervejeiros artesanais, esse discurso também não colou.

3 - Combate ideológico: vocês todos são uns "beer snobs", cervejochatos

De um lado, eles tentam criar pseudo-artesanais ou mesmo adquirir marcas artesanais para ter parte desse mercado, por outro, fazem propaganda para desacreditar o movimento artesanal. Nos EUA ficou famosa a propaganda da Budweiser, inclusive repercutindo por aqui, no intervalo do Super Bowl, promovendo o orgulho de ser grande e de quebra tirando onda com os apreciadores de cervejas artesanais (saiba mais no Bebendo Bem).

Falando nisso, não passe por Beer Snob ao falar como um deles.

4 - Controle da distribuição

Você é livre pra decidir e vender o que você quiser


É notório que a AB-InBev tem poder econômico suficiente para adotar todo tipo de manobras anticoncorrenciais se não houver fiscalização e regulação de sua atividade. Nos EUA o Império tem dominado diversos pontos de distribuição, entre eles, grandes franquias de restaurantes, em que nenhuma outra marca de cerveja entra se não for do Império. Inclusive, os organismos do país já investigam essa atuação predatória (veja aqui)

Por aqui, a coisa não é muito melhor. Há diversos relatos de microcervejeiros que têm seus produtos negados nos mais diversos pontos de venda em razão de um lado oculto da força (nada muito declarado).

A atuação anticoncorrencial se verifica bastante facilmente na maioria dos bares espalhados pelo Brasil, os quais só trabalham com cervejas de uma grande marca. Onde vende Heineken, não vende Ambev, onde vende Ambev só vende Ambev. Claro, a empresa não proíbe o bar de vender outras cervejas, a questão é que ela terá que levar embora suas diversas geladeiras que muito gentilmente foram disponibilizadas ao estabelecimento, entre outras regalias perdidas que só uma megacorporação tem condições de conceder.

5 - Dominar o mercado por meio de fusões

Todos já sabem da negociata entre as duas maiores companhias de cerveja do mundo, SABMiller e AB-InBev. O Império cresce e passa a alcançar todas as regiões desse planeta, desse pequeno pálido ponto azul (como diria Carl Sagan). E o que é melhor, não tem pela frente seu maior concorrente, pois agora estão do mesmo lado. A empresa pode melhorar sua logística, pontos de distribuição e de quebra economizar uma quantia monstruosa de dinheiro em marketing agressivo, pois, como dito, sua maior concorrente não mais existe. Segundo a matéria em que baseamos esse texto, as duas empresas gastavam algo perto de 500 bilhões de dólares anuais em propaganda. Agora dá para diminuir isso pela metade (para ser bem simplista).



* Bônus * 6 - Lobby político

A matéria original não traz esse fato, esse é especial para leitores do Loucos por Ales. O Império fez diversas doações para campanhas eleitorais das mais diversas frentes e ideologias. Não admira que a proibição da venda de cerveja em estádios na Copa do Mundo da Fifa tenha se revertido e passou a vender apenas um tipo de cerveja (adivinha). E o Simples Nacional emperrado? (Saiba mais no Henrik Boden) Até agora não houve a inclusão das micros nesse sistema facilitado de arrecadação. Para tal negativa utilizam-se de argumentos mais do que demagógicos, como o fomento de empresas de bebidas alcoólicas e por consequência o incentivo ao abuso, entre outras besteiras.

A atuação de grandes corporações na política e em processos legislativos não é novidade, é o tipo de coisa que todo mundo sabe, mas ninguém gosta de comentar. Mas é preciso apontar essa força maligna sobre nossos facilmente corruptíveis políticos.

Que a força esteja com vocês amiguinhos.




Um comentário:

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