Como explicar a tradição de cervejas tão “ralas” que se
implantou no Brasil?
Essa é a primeira parte de uma sequência de posts que, talvez, responderá a tal pergunta. Na pior das hipóteses, traremos um bom punhado de informações sobre a história do movimento cervejeiro no novo continente.
Há diversos livros e artigos que explicam o fenômeno das cervejas leves nos
EUA, mas pouco se noticia acerca da realidade brasileira. Ao final do estudo,
não sabemos se ficará demonstrada necessariamente alguma relação de causa e
efeito entre a cultura cervejeira ao norte do hemisfério com a das terras
tupiniquins, mas seguiremos por esse caminho por puro empirismo.
Assim, vale iniciar-se com o contexto histórico estado unidense.
O início da tradição cervejeira americana, como era de se
esperar, está estritamente relacionada com os imigrantes que colonizaram o
país.
Registros indicam que na região de Nova York, por volta de
1630, os holandeses foram os primeiros a produzir cerveja de forma relevante,
seguindo-se pelos ingleses os quais introduziram sua tradição de ales, e
marcadamente de suas porters.
A partir de da década de 1840, devido a crises políticas,
imigrantes alemães escolheram como um de seus destinos os EUA, ali implantando
de maneira vigorosa sua tradição cervejeira. Além disso, revolucionaram a cena
local trazendo leveduras lager, agradando de imediato o gosto do estado
unidense por cervejas mais leves, de baixa fermentação.
Aqui vale frisar
importante fator diferencial entre esses novos imigrantes alemães daqueles holandeses e ingleses. Ao contrário desses
que produziam em baixa escala para abastecer pequenas comunidades, quase o que
hoje fazem os cervejeiros de panela que dividem sua produção entre família e
amigos, os alemães procuraram empreender com a bebida, criando as primeiras
grandes fábricas nos Estados Unidos, tendo como importante representante a
Anheuser-Busch.
Não confundam esse Bush com Augustus BusCh |
Nessa época também se iniciou a utilização de adjuntos como
milho e arroz na cerveja, devido a grande facilidade de produção desses
elementos no país e à escassez de cevada. Para bom bebedor
meio parágrafo basta para perceber um dos marcos iniciais para a, nas palavras
de Beltramelli, estandardização das cervejas.
Com a utilização desses adjuntos era possível baixar drasticamente
os custos de produção das cervejas, tornando-as muito mais competitivas em
relação àquelas de puro malte. Tal fator desencadeou, talvez, a primeira baixa
no movimento cervejeiro americano, visto que muitas cervejarias artesanais
fecharam suas portas em razão dessa desvantagem.
Em torno de 1876 havia mais de 2000 cervejarias nos EUA. Já
em 1910 esse número caiu para 1498 estabelecimentos.
No entanto, essa derrocada não se compararia ao evento
ocorrido em 16 de janeiro de 1919...o advento da Lei Seca. Mas isso será objeto
do próximo post.
Como diria Jack estripador, "vamos por partes" (piada infame).
Abraços estandardizados aos amigos cervejeiros e até a parte 2!!!
________
Referências
MOSHER, Randy. Tasting beer. Storey, 2009;
BELTRAMELLI, Mauricio. Cervejas, brejas & birras. São Paulo: Leya, 2012.
________
Referências
MOSHER, Randy. Tasting beer. Storey, 2009;
BELTRAMELLI, Mauricio. Cervejas, brejas & birras. São Paulo: Leya, 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário