terça-feira, 3 de abril de 2012

Cerveja e espaguete


Westmalle – Tripel 9,5% APV


Cerveja belga trapista produzida na Abadia de Westmalle, antes chamada “Onze-Lieve-Vrouw van het Heilig Hart” (Já pensou se ainda tivesse esse nome, e a cerveja fosse assim batizada!? – Me vê uma Onze...é...Hart?). Essa abadia foi fundada em 1794.
Os monges passaram a vender as cervejas por eles produzidas em 1856 nos portões da abadia.
Poucas cervejas podem ostentar a marca de autêntica trapista. Isso porque, para ser assim considerada necessário atender a 3 requisitos básicos, porém, bastante restritos:
1) a cerveja deve ser produzida nos limites dos muros da abadia trapista, pelos próprios monges ou sob sua supervisão;
2) a cervejaria deve ser controlada pelo monastério e possuir objetivos compatíveis com os planos monásticos;
3) a cervejaria não possui fins lucrativos, sendo que os valores obtidos são destinados a manter o monastério e os monges e o resto é revertido em obras de caridade.
Essas informações e outras interessantes podem ser obtidas no sítio da Westmalle 

Sem mais delongas, vamos ao néctar!
Aroma frutado, espuma densa, leve ardida na língua no primeiro contato. Assim que passa essa primeira impressão você percebe que é cerveja pra macho! Amarga, menos frutada do que outras trapistas, parecendo uma agressão ao paladar.
Com mais alguns goles você passa apreciar mais e mais essa cervejinha temperamental. Deve ser por conta do amortecimento, já que se trata de 9,5% APV!
Segundo ZaK Avery, no Livro 500 cervejas da editora Marco Zero, essa cerveja vai muito bem com aspargos grelhados: “o amargor da Westmalle acentua o sabor com toques chamuscados e o pungente caráter herbáceo do aspargo. Como disse, um prazer para ‘gente grande’, que requer um tempo dedicado só para apreciar”. Tirando o requinte na descrição, realmente parece uma experiência agradável até para os mais exigentes paladares.
Agora, peço licença para fugir um pouco do tema, mas não esqueçam que nós avisamos que isso poderia acontecer na introdução ao blog


Falamos que a Westmalle é cerveja pra macho! Correndo o risco de parecer afeminado, em quesito de macheza, a primeira personalidade que me vem à cabeça é a do Sr. Clint Eastwood, em especial nos filmes de faroeste espaguete, gênero que inicialmente o consagrou nas grandes telas.

Com o fim da década de 50, o faroeste Hollywoodiano teve grande declínio, momento em que o gênero migrou para Europa, tendo como primeiro filme de faroeste espaguete “Armas Selvagens”, 1961, de Michael Carreras (KEMP, Philip in Tudo sobre cinema, 2011).
Contudo, o maior representante do gênero é o diretor Sergio Leone, com seu primeiro filme da Trilogia dos dólares, “Por um punhado de dólares”, justamente filme estrelado por Clintão.
Esses filmes, nitidamente, rompem com o estilo dos faroestes estadunidenses, já que seus personagens, bem como seus enredos, fogem da temática tradicional, onde bem e mal são figuras antagônicas e a moral e ética sempre são personificadas nos galãs, mesmo em situações críticas, como de tiroteios, a bravura e lealdade não abandonam esses estereótipos.
Os personagens dos faroestes espaguete, ao contrário, são impregnados de paradoxos morais. Mesmo os personagens de Clint, em geral, de “mocinho”, demonstram traços de uma personalidade egoística, gananciosa, havendo em alguns momentos isolados demonstrações de solidariedade e respeito a terceiros.
Essa quebra com as origens Hollywoodianas fica bem evidente em entrevista de Clint ao programa “Inside the Actors Studio. Clint conta que em determinado set de filmagens o diretor manda o astro, até então dos filmes western, John Wayne, para que atirasse no “vilão” pelas costas, coisa que Wayne de pronto se recusou. Então o diretor trucou: - Clint Eastwood atiraria! John Wayne respondeu algo do tipo: - Olha, eu não sei o que esse garoto anda fazendo por aí, mas eu não atiro pelas costas.
Era a imagem do bom moço arraigada nos westerns produzidos na terrinha do Tio Sam.
Outro filme de Sergio Leone, essencial aos fãs de bang bang, e que na minha opinião é com certeza um dos melhores filmes do gênero em todos os tempos, é o “Era uma vez no Oeste” de 1968, estrelando outro cara muito macho, Charles Bronson, ao lado de Henry Fonda fazendo papel de um vilão mau feito pica-pau. Vale à pena conferir!
Cabe especial ênfase às trilhas sonoras dos filmes de Leone, feitas especialmente para as películas por um dos maiores compositores contemporâneos, o italiano Enio Morricone.
As músicas de Morricone representam a alma dos faroestes, suas introduções são tão marcantes que foram utilizadas em tempos mais recentes em shows como do Ramones, Metallica e Muse.
Ah! Os filmes de Sergio Leone também influenciaram uma nova geração de diretores, tal como Quentin Tarantino, que também usa músicas de Morricone em seus filmes (Kill Bill).
É isso aí, chega de abobrinha, espero que alguém tenha gostado...e para quem não conhece a obra do diretor Sergio Leone e do maestro Ennio Morricone torço para ter, pelo menos, despertado uma ponta de curiosidade ao leitor.

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