sábado, 26 de janeiro de 2013

O retorno


Depois de um longo período sabático tomamos vergonha na cara e retomamos os trabalhoS no loucos por ales, trazendo em primeira mão, ou não, a tão esperada e noticiada nas mídias sociais, Saison de Caipira, uma parceria entre as excelentes cervejarias Wäls, de Belo Horizonte, e Brooklyn (EUA) do mundialmente reconhecido Garrett Olivier.
Em torno dessa cerveja se criou tanta expectativa que em diversos fornecedores sua venda esgotou antes mesmo da chegada do precioso líquido às prateleiras.
Justamente essa “euforia” criada sobre a Saison de Caipira pode causar uma certa frustração aos fãs incondicionais da cervejaria Wäls, como esse que vos fala, e conhecedores da qualidade irretocável das cervejas Brooklyn.
Foto: Daniel Dagaláxia
Não pense, todavia, que a cerveja não merece aplausos, pelo contrário, como todas as brejas produzidas pela cervejaria belo-horizontina essa também é exemplo de qualidade, desde o cuidado de seu vasilhame rolhado, com rótulo muito elegante portando gravura do artista Gustavo Penna, até, é claro, a cerveja.
Como eu disse, trata-se de duas cervejarias tão reconhecidas que é difícil conter o entusiasmo ao se deparar com um produto tão esperado.
Bom, fato é que a frustração advém tão somente do subjetivismo dos degustadores, que esperavam entornar um místico néctar diretamente do Santo Graal.
Sem mais delongas, vamos à roça capinar e colher todo um pomar de frutas e desbastar meio hectare de cana-de-açúcar, ingrediente que fornece toda uma peculiaridade ao produto.
A cerveja possui espuma cremosa e cor de água de rio lamacento (sem qualquer tom pejorativo), inclusive, podem-se ver detritos de levedura no fundo do copo.
Ao tomar o primeiro gole leva-se um susto, provavelmente do ataque da cana-de-açúcar no fundo da boca. Só após outros goles é que você reconhece o dulçor um tanto azedo da rapadura. Estranho, não? Mas é essa a minha impressão. Trata-se daquele doce que causa uma sensação estranha na parte lateral no fundo da boca, perto do dente do siso, característico do azedo. Lembrem, não são incomuns sabores antagônicos em um mesmo alimento, bom exemplo é a paçoca de amendoim, que possui aquele doce salgadinho inconfundível.
Para não fugir à regra do estilo, é uma cerveja refrescante.
Quer saber? Melhor mesmo é você beber e tirar suas próprias conclusões.

GLOSSÁRIO
Saison ou season beer: Acredita-se que essas cervejas sazonais surgiram em Hainaut, na Bélgica Francófana, produzida nas fazendas (farmhouse breweries) durante a temporada de verão para matar a sede dos agricultores. Esse estilo quase desapareceu, tendo ressurgido nas últimas décadas em Flandres e, após, nos EUA, e mais recentemente nas terras tupiniquins.
Atribuí-se a riqueza e o caráter vívido dessas beras às leveduras, alimentadas ou não pela adição de açucares. 

Referências
Guia Ilustrado Zahar, 2. ed., p.45.

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