quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Sobre os grandes contra os pequenos, as promoções do PDA, lojistas e valorização do comércio local.

Muito tem se falado da constante guerra entre grande e pequenos. Aqui, damos um breve pitaco.

Sobre as promoções do Pão de Açúcar de 50% de desconto em cervejas especias ou outras semelhantes.

Crédito: Maria Cevada


Como se sabe, o PDA lançou pelo menos 3 promoções com preços realmente atrativos, abaixo do mercado, que gerou certa comoção nos meios cervejeiros. Agora, há pouco, algumas vozes isoladas começaram a questionar tais promoções, alegando possíveis práticas ilícitas, ou no mínimo questionáveis.

Não sei porque se criou tanta polêmica em torno disso. São promoções pontuais, comuns em qualquer outro país que não no Brasil. Nós estamos tão acostumados com as Black "Fraudes" da vida, tudo pela metade do dobro do preço, que quando vemos uma promoção de verdade, já achamos que tem algo errado, que são táticas anticoncorrenciais e etc.

O Pão de Açúcar não pretende quebrar as lojas especializadas, e mesmo que quisesse, é óbvio que por meio dessas promoções não iria dar em nada.

Sobre a alegação de que os pequenos lojistas estão de mimimi e que têm de se diferenciar no atendimento

Novamente, alguns formadores de opinião cervejeira afirmam que os proprietários de lojas especiais estão reclamando sem motivo, e que têm que se diferenciar no atendimento, propiciando uma verdadeira experiência cervejeira ao consumidor. No capitalismo vale tudo, então não adianta reclamar do supermercado pertencente a uma empresa bilionária.

Simplesmente desprestigiar as reclamações das pequenas lojas, alegando que se trata do mimimi (posso ser repetitivo, mas deixo o registro do meu repúdio a essa onomatopeia) de quem não sabe brincar, que isso é o mundo capitalista e outros argumentos pseudoliberais, me parece um pouco injusto.

Muitos desses argumentos são também utilizados para justificar a compra das microscervejarias pelas multinacionais como AB-Inbev. Fala-se que tais aquisições vão melhorar preços, aumento da oferta (quantitativamente e territorialmente) e, também, qualquer revolta contra as fábricas compradas é esquerdismo, histerismo, medo do novo, ou argumentos que o valham. Esses defensores gostam de utilizar a expressão "Show me the beer" (em geral, os mesmos que usam o mimimi).

Vivemos em mundo de recursos que estão próximos da saturação, e não falo só da escassez de lúpulos, em decorrência de décadas de cultura capitalista, mas acima de tudo, consumista de necessidades supérfluas. 

Isso, em grande parte, decorre da massificação imposta pelas grandes corporações que criaram uma rede de atuação extremamente danosa, usurpadora de recursos naturais e humanos, sempre auxiliadas pelas instituições governamentais que presam pelas relações promíscuas com o capital.

Enfim, o resumo da ópera, as grandes empresas como Ab-Inbev, são sim vilões e não possuem mais espaço na atual realidade econômica e social, pelo menos nesse planeta (talvez tenham espaço na realidade marciana, em especial com a descoberta de água por lá).

Estamos em tempo de sustentabilidade, consumo consciente e racional, em especial se destacarmos a crise que bate à porta. 
Projetos como do slow food (existente em todo o mundo) e, na realidade nacional, o #compredopequeno do Sebrae são cada vez mais valorizados.

Agora mesmo o Sebrae está batendo forte nessa campanha. Veja que a compra dos comerciantes próximos a você desenvolve sua região, já que o dinheiro permanece circulando na sua comunidade. As pequenas empresas empregam muito mais pessoas e como regra possuem um impacto degradante  muito menor, ambientalmente falando, em todos os sentidos possíveis da palavra, ambiente natural, de trabalho etc.)

Então, me parece que se utilizar de um consumo consciente, fortalecendo a economia local, é um argumento verdadeiramente liberal, ao invés de apenas buscar preços, comprando das grandes e mantendo o círculo vicioso de exploração levadas a efeito por essas megaempresas e, pior, financiadas por nós mesmos.

No fim, acabamos pagando mais caro por produtos que sempre tivemos acesso gratuito. Não acha estranho comprarmos água da Coca-Cola? Coisa que sempre tivemos acesso gratuito e irrestrito e, em grande medida, ainda temos. Até hoje não conheci ninguém que tenha morrido bebendo água da torneira. 

Por isso, a meu ver, são válidas as campanhas e incentivos para compra do comerciante local e não de uma multinacional, só porque essa oferece melhores preços (o que nem sempre é verdade).

Claro é, que tais incentivos não retiram desses comerciantes a responsabilidade de prestarem um serviço adequado ao seu cliente. No mundo das cervejas, isso significa o cuidado no trato do seu principal produto, a tal cerveja. Coisa que ainda é muito deficiente na realidade nacional, em especial na quantidade cada vez maior de bares que passam a trabalhar com cervejas de maior qualidade. (Para identificar se o bar é bom - não, não é o que serve chope Brahma - recomendamos a leitura do texto 8 maneiras simples de dizer se um bar de cerveja é sério

Nesse texto, apenas traçamos um breve panorama para próximas discussões que estarão cada vez mais em voga nos núcleos cervejeiros nacionais. Em breve esperamos ter mais a dizer sobre os serviços em bares e lojas especializadas, valorização do comércio local face a atuação predatória das grandes corporações, etc. Falando em grandes corporações, veja Mais uma cervejaria comprada pela Ambev

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...