segunda-feira, 13 de julho de 2015

Mais uma cervejaria comprada pela Ambev

Imagem: paladar.estadão.com.br

O maior fato cervejeiro da semana passada foi a compra da cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto, pela Ambev. Sendo esta a segunda abocanhada do ano no Brasil, cinco meses após a Ambev comprar a mineira Wals, todos se perguntam: "Qual será a próxima?"

Vários nomes foram citados pelos interessados no mercado cervejeiro. Façamos uma análise para tentar determinar quais seriam os próximos alvos:

Quais as características comuns entre Wäls e Colorado?




Wäls Colorado
Faturamento anual R$9 milhões

R$18 milhões

Produção mensal 80.000 litros

135.000 litros

Rótulos 21

18

Tradição 15 anos

20 anos


Tanto a Wäls quanto a Colorado possuem projetos internacionais, com rótulos já em fase de exportação. Ambas possuem produção consistente e vasta rede de distribuição no Brasil.


Ao compararmos os perfis de produto Wäls e Colorado, podemos ver que são linhas de cervejas complementares e que não competem entre si.

Ao contrário do que a Ambev declarou sobre estas compras, o que as suas escolhas denotam é que seu objetivo não é o de construir uma cultura cervejeira brasileira, mas sim, de recompor seu domínio no mercado. Note-se que as duas cervejarias adquiridas são, provavelmente, as duas que mais permearam o mercado nacional. Sendo assim, fica cada vez mais difícil comprar cerveja que não seja da Ambev.

Ficou muito claro que a Ambev, com estas aquisições, não tem interesse em comprar receitas de cerveja, cultura cervejeira, o que interessa são fábricas consistentes, tradicionais e com representatividade de mercado. Ou seja, eles compram quem mais incomoda, quem mais tira faturamento deles. A partir daí, fica fácil analisar quais seriam as possíveis novas integrantes do grupo da Bohemia. A partir daqui, não falamos mais em cerveja, falamos em mercado, faturamento, capacidade de produção e do quanto cada uma pode incomodar a Ambev.

Quais as potenciais compras?

Feitas as devidas considerações, vamos à análise mercadológica das possíveis compras:

Nomes que já foram citados em outros sites e por entusiastas do ramo: Bierland, Bodebrown, Waybeer, Coruja, DaDoBier.


Bierland: Cervejaria de qualidade consistente, bem distribuída no mercado e que, apesar do viés tradicionalista, tem valores menos calcados na cultura cervejeira e na qualidade do que no mercado ($). Pelo perfil, pode ser uma boa aposta.

Coruja: Possui clientes devotos e cultura própria, tem boa distribuição e boa capacidade de produção, pode ser uma das escolhidas. 

Do alto de nossas buscas, encontramos uma cervejaria que não foi citada mas possui perfil muito semelhante às duas já adquiridas: a Amazon Beer. Cervejaria com capacidade de produção equivalente às novas integrantes do grupo Bohemia, tem se espalhado rapidamente pelo Brasil e, assim como Colorado e Wäls, já trabalha com projetos de exportação de suas cervejas. Ainda não está tão pulverizada no mercado nacional mas tem capacidade e competência para ganhar sua fatia do bolo.

Bodebrown: A Bodebrown é muito premiada e já fez várias parcerias para cervejas no exterior, mas tem produção acanhada em relação às escolhidas pela Ambev. Caso a busca fosse por qualidade e cultura cervejeira, esta cervejaria escola poderia estar nos planos da gigante monopolista, mas nosso palpite é que não é isso que irá acontecer.

Waybeer: Cervejaria que desponta pela qualidade e variedade de seus rótulos, tem sido bem distribuída e é um dos nomes mais comentados, entretanto ela tem um perfil diferente das duas já adquiridas por produzir muito menos e faturar cerca de um terço do que fatura a Wäls.

DaDoBier: Já é uma gigante do setor, muito mais difícil de ser negociada, com capacidade de produzir 1 milhão de litros por mês e faturamento de mais de R$200 milhões anuais, distribuídos não só em cerveja, mas em pubs, restaurantes e outros empreendimentos.

Com o anúncio da compra da Colorado, a Ambev começou a se posicionar em relação a estas aquisições, demonstrando que está orientada a ganhar mercado, investindo em cervejarias de médio porte, já consolidadas e com poder de mercado significativo.

O que houve no Brasil foi o maior interesse do mercado em consumir cervejas artesanais e, quando isso tomou corpo a ponto de atrapalhar os negócios da gigante, ela teve que reagir. Vale comentar que estas aquisições fazem parte da política mundial da AB Inbev, que em Maio deste ano também comprou a Bogotá Beer Company, maior cervejaria artesanal da Colômbia e deve continuar a comprar cervejarias pelo mundo. Talvez o processo de compras no Brasil não continue tão acelerado e nenhuma outra cervejaria seja comprada nos próximos meses, mas que fique bem claro, estamos falando apenas de negócios e não de cultura cervejeira, qualidade ou qualquer outro valor estimado pelos cervejeiros artesanais. No mundo da Ambev, o que vale são as cifras.


E aí, qual o seu palpite para a próxima aquisição da Ambev no Brasil?


Referência bibliográfica:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_microcervejarias_no_Brasil
http://revistabeerart.com/news/2015/7/12/ambev
http://www.reuters.com/article/2015/07/07/us-ab-inbev-brazil-ambev-idUSKCN0PH1SZ20150707

7 comentários:

  1. Coruja + Saint Beer (as duas são produzidas na mesma fábrica em Forquilhinha/SC). Serão as próximas com certeza!

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    1. Pelo potencial de produção e o alcance das duas marcas no mercado, é um ótimo palpite.

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  2. bamberg, backer, krug.

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  3. Não sei se vai ser uma cervejaria, mas pode também ser uma (ou umas, ou todas) das várias importadoras que atuam por aqui, se é que já não foram compradas...

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    1. Seria uma boa tática para ambev, adquirir importadoras e distribuidoras de forma a restringir o mercado das artesanais, aumentando barreiras para a distribuição dessas. Algo semelhante está sendo investigado nos EUA.

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